Há um tempo, a saúde mental da juventude preta e favelada é um tema que me vem me causado inquietações. Durante o II Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade, realizado no campus de Angra dos Reis da UFF, o tema veio à tona através da fala de uma camarada que também estava compondo a mesa sobre Juventude e Interculturalidade da qual participei.
Millennial é o nome usado para os nascidos entre 1980 e 2000. Conheci esse termo durante o Sustainable Brands Rio 2016, congresso sobre marcas e sustentabilidade. Fiz parte de um grupo de jovens que estava lá para dialogar e propor novas possibilidades para os negócios. Nesse congresso, ficou evidente que a maioria das grandes marcas não pensam em práticas realmente sustentáveis e que não querem ouvir os millennials, especialmente os negros e pobres. Se pegar o perfil dos gerentes dessas corporações, dificilmente eles estão nesta faixa etária. Não nos ouvem a não ser que estejam pesquisando algo para um próximo produto ”destinado à juventude”.
Por outro lado, cada vez mais nossa força criativa se mostra realizadora. Não à toa, o acesso ao ensino superior público através de sistemas de cotas e bolsas está sob forte ameaça do atual governo federal e suas PECs.
Se esse período da vida já não era fácil, no momento atual dessa terra brasilis é ainda mais tenso. É uma correria alucinada para se fazer dinheiro, garantir alguma sobrevivência, estudar e se envolver em outras atividades que possam também gerar alguma renda. Estresse e estafa mental são rotineiros entre os nossos. Somos a geração que não planeja aposentadoria porque vive em empregos informais vendidos como independência e que vai ver a depressão ser a doença mais comum do mundo.
Nós temos a força, mas precisamos nos cuidar.