Minha Pele, um livro escrito para todas as crianças pretas.

O cenário da literatura infanto- juvenil nos apresenta um novo livro acompanhado de uma significativa reflexão, o colorismo - termo usado em 1982 por Alice Walker - , assunto que retrata a miscigenação.

Créditos: Ponte Cultural

O cenário da literatura infanto- juvenil nos apresenta um novo livro acompanhado de uma significativa reflexão, o colorismo – termo usado em 1982 por Alice Walker – , assunto que retrata a miscigenação.

Alberto Rodrigues escreveu “Minha Pele” ( Nandyala.2021). Um livro que nasce a partir das falas e dos questionamentos da filha mais velha, a Marry , e dos assuntos que surgiam em casa ou em palestras; também com relação à própria filha tida por branca, a Miah, por sua pele ser mais clara do que a da outra irmã.

Alberto desenvolveu a desconstrução da discriminação étnico-racial nas escolas – uma prática discriminatória – , para ambas as filhas e para os ambientes de discussões onde o autor tem transitado .

Ele traz à baila as questões genéticas que permeiam as famílias brasileiras e o colorismo, alvo de discussão da comunidade negra. O autor afirma que a filha mais nova tem um tom de pele mais claro, mais “aceitável” à sociedade. Por isso, o autor busca uma fala que conduza à aceitação por ambas as filhas.

Assim, podemos perceber ” O colorismo preservar privilégios de pessoas brancas”, afirma Alessandra Devulsky, autora do livro ” Colorismo.” ( Jandaíra.2021).
O livro que traz os questionamentos das pessoas mais claras e o tratamento diferenciado que é dado por conta desse tom de pele mais claro, mesmo sendo negras essas pessoas.

Uma diferença que, por vezes, não realça a nossa pluralidade, mas que serve para segregar. Por conseguinte, surgem preconceitos até entre os próprios negros.

O livro é uma declaração de amor às filhas do autor traduzida em uma linguagem lúdica e dentro de uma pedagogia libertadora, como acontece com todo bom livro infanto-juvenil:

“O livro ensina as crianças, principalmente, a aceitar a sua cor de pele, e o seu tipo de cabelo. E, também o fato de que todos são iguais , mesmo que com cores ou cabelos diferentes.”, destaca o autor.
A sociedade tenta com o discurso do colorismo , ressaltar de modo velado a pigmentocracia, onde os negros retintos ( mais escuros) não se encaixam em lugares de representatividades positivas.

Algo que precisa ser questionado por nós, nas nossas posturas e falas. Segundo o IBGE , são declarados negros (pretos ou pardos) 56% da população brasileira. O que denota uma não representatividade ainda, nos lugares de evidência dentro no cenário social.

O escritor trata desse assunto com várias tonalidades, mas não esquece que a paleta é a mesma, ” As famílias brasileiras trazem essa questão do colorismo, potencializando a autoestima de nossas crianças e normalizando as diferenças. Sendo essa mais uma das mensagens propostas pelo livro, além da masculinidade, da paternidade e da ancestralidade.”, diz o autor .
O livro é de uma singeleza e de sensibilidade tamanha.
É necessário estarmos atentos aos temas que nós pais enfrentaremos e que nossas crianças enfrentarão.

A última resposta do escritor ainda ecoa: “É um livro de literatura afro porque traz a narrativa e perspectiva na autoria de um homem – pai preto.” , palavras do autor enquanto descia as escadas do local do lançamento do livro.
“Minha Pele”, um livro para todas as idades.

Biografia do autor: Alberto Rodrigues é músico, publicitário, ativista sociocultural. É também idealizador e coordenador da FLISGO (Festival Literário de São Gonçalo).

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