Minha dúvida é sobre a diversão na favela. Com a proibição dos bailes e pagodes a comunidade perdeu o pouco de lazer que restava. Quais são os projetos de cultura do candidato? Sendo eleito, esses eventos serão liberados?
Helcimar Lopes – Complexo do Alemão

Eduardo Paes (Coligação Somos um Rio) – No Complexo do Alemão, inauguramos o CineCarioca, primeiro cinema 3D em uma favela no mundo, e a sala de cinema com maior taxa de ocupação do país. Também construímos uma Praça do Conhecimento, um moderno centro de cultura digital, diversão e arte, mas também de formação e certificação profissional. Uma novidade que tem atraído espectadores de todas as idades e tamanho sucesso se reflete na bilheteria: somente em julho foram vendidos quase 11 mil ingressos. Além da qualidade da sala, o baixo valor das entradas tem atraído o público. Estamos valorizando espaços culturais que beneficiem, não só o morador das comunidades, como de áreas que ficaram esquecidas nas administrações anteriores. Por isso, as Praças e Naves do Conhecimento já existem em Santa Cruz, Padre Miguel, Triagem, Madureira e Complexo do Alemão, e outras vão ser inauguradas na Penha, Vila Aliança e em Irajá. Além disso, temos as Arenas Cariocas, que levam teatro, música e cursos para as zonas Norte e Oeste. Na Penha e na Pavuna, elas já estão funcionando a pleno vapor. Mais duas serão inauguradas até o final do ano, uma dentro do Parque Madureira e outra em Pedra de Guaratiba. Estamos trabalhando para deixar para trás um paradigma em que viveu a cidade do Rio nas últimas décadas, o de cidade partida, onde os moradores da favela não tinham acesso aos mesmos recursos dos moradores do asfalto. Olhamos para todos igualmente, e isso vale também para a política cultural.

Marcelo Freixo (PSOL) – Boa pergunta, Helcimar. No Rio de Janeiro, o poder público tem sido, de uns anos pra cá, bastante preconceituoso no que diz respeito às manifestações culturais próprias de comunidades pobres. Bailes e pagodes são reprimidos com as desculpas mais inaceitáveis. Temos uma longa luta contra isso, com vitórias importantes, como a aprovação da Lei do Funk. Queremos não apenas garantir, uma vez na prefeitura, o direito do carioca de promover quaisquer de suas manifestações culturais. Queremos, ainda, estimular a cultura que nasce em cada comunidade, com o estímulo aos pontos de cultura, por exemplo. Em paralelo, também pretendemos tomar ações de garantia do respeito à Lei do Silêncio, porque muitos cariocas têm dificuldade de dormir por conta do alto volume dos bailes. Leia, no link abaixo, nossas propostas para a Cultura.

http://www.marcelofreixo50.com.br/programa/189-cultura.html

Rodrigo Maia (Coligação Um Rio melhor para os cariocas) – Vamos descentralizar os eventos culturais com a realização de grandes shows por toda a cidade. Vamos construir três grandes teatros de referência nas Zona Norte e Oeste, levando peças de qualidade para estas regiões a preços populares. Vamos ampliar o número de bibliotecas públicas e estimular a implantação de bibliotecas comunitárias por meio de parcerias com associações comunitárias, livrarias e editoras com a intermediação da Secretaria de Cultura. Sou a favor da realização de bailes e quaisquer outros eventos culturais em comunidades, mas estes devem seguir as regras estabelecidas para toda a cidade. O processo de pacificação é importante, porém devemos garantir a todos os moradores da cidade o direito a manifestação cultural e acesso a eventos.

Aspásia Camargo (PV) – A sua pergunta, Helcimar, já diz tudo. O que a prefeitura deve fazer é proporcionar uma ampla gama de atividades culturais que estão disponíveis na cidade para áreas sem opções de lazer. O Rio tem muitas atividades culturais e de entretenimento, porém hoje bem restritas ao centro e à zona sul. Nosso compromisso é de valorizar os bairros e comunidades, descentralizando a cidade e oferecendo espaços de cultura, esporte e lazer para todas as áreas.

Cyro Garcia (PSTU) – Os bailes funk e o pagode são patrimônios culturais do Rio de Janeiro e, mais que isso, das favelas da cidade. A tentativa de proibir a realização deste tipo de eventos tem o objetivo de calar a voz do povo trabalhador das favelas, que se expressa através dessa música, e que procura nestas festas o descanso e a diversão. No governo do PSTU, são os próprios moradores das comunidades que decidirão quais são as festas permitdas, e não a UPP. Além disso, com investimento, é possível melhorar a atividade cultural e de lazer destas áreas, realizando um plano de obras públicas para a construção de centros culturais em todos os bairros, além de parques, teatros, museus, bibliotecas e cinemas em áreas que hoje estão abandonadas pelo atual prefeito. As escolas também devem funcionar como um pólo de produção de cultura. A produção do funk será incentivada, sem machismo, racismo e homofobia. É preciso também garantir remuneração digna e aposentadoria para os compositores de sambas e demais trabalhadores dos barracões. Toda a produção popular de música poderá ser registrada com a criação de uma gravadora pública municipal, destinada a gravar os artistas populares.

Fernando Siqueira (PPL) – Vamos estimular a cultura e os valores que o carioca tem, hoje desprezados pelo poder dos grandes grupos econômicos que dominam as comunicações no Brasil. Há atividades simples que podem aproveitar as estruturas das escolas e CIEPE’s existentes. Por exemplo, ter projeção de filmes nos finais de semanas nestes espaços, com debates ao final; transformar espaços públicos vazios em parques e áreas de lazer; promover a partir dos núcleos escolares concursos de musicas e grupos teatrais (é importante integrar as escolas na agenda cultural e esportiva). Não vamos discriminar qualquer manifestação cultural, nem nas favelas ou em qualquer outro local, desde que obedecidas as normas e direitos do bem estar de todos.