Representantes de movimentos sociais, ambientalistas e membros da sociedade civil se organizam novamente em comissão para mais uma manifestação contra a decisão da Secretaria de Desenvolvimento e Urbanismo de Salvador que autorizou obras da Estação Elevatória de Esgoto na proximidade da Lagoa do Abaeté, localizada dentro do Parque do Abaeté, em Itapuã. O protesto está para toda esta sexta-feira, 7, bloqueando máquinas e acesso de funcionários da empresa responsável.
A lagoa está identificada como uma APA- Areá de Proteção Ambiental, junto com Dunas do Abaeté, e as obras fazem parte de um plano de requalificação da região feita pela Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia (Conder), autorizado pelo Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos- INEMA.
Segundo os moradores, não houve nenhuma reunião de apresentação, mas apenas a informação que as obras poderiam acontecer, sem qualquer comunicado sobre os impactos ambientais na região:
“Estou indignado. É inadmissível que tenhamos que aceitar uma obra de esgoto nas margens da Lagoa do Abaeté, o embargo da obra logo no início só foi possível por mobilização da comunidade, mas o governo do estado pretende retomar os serviços através da CONDER, sem nenhum estudo técnico. Vou solicitar meu desligamento do conselho da APA”, comentou Eric Pereira, membro do Conselho Gestor Comunitário da APA e morador de Itapuã”.
O protesto é baseado na lei 11.445 de 2007, que trata da Política Nacional de Saneamento, que tem como princípio considerar as peculiaridades locais e regionais. O Abaeté têm imensa importância cultural e religiosa, além de ser uma área importante para a regulação climática da cidade. O projeto foi elaborado sem estudos norteadores da real necessidade da obra e da tecnologia de saneamento nela definida.
Ambientalistas apresentaram algumas opções para a obra sem agredir o meio ambiente, como a ligação direta com a rede de esgoto, elevação dos banheiros ou a construção de estação ecológica são opções que podem custar quatro vezes menos, não agridem o meio ambiente, sem o impacto visual da Estação Elevatório de Esgoto, com seus 240 metros quadrados cercada por um muro superior a dois metros, além de não exalar mal cheiro dos dejetos sólidos e líquidos.
“A gente sabia que era uma interdição temporária, mas saber que as obras foram autorizadas foi terrível. Mesmo sabendo que é temporária, todo mundo ficou abaladíssimo. Esse tempo todo a gente não parou de lutar. Estamos o tempo todo resolvendo, tentando resolver a situação, para tentar impedir que voltasse a obra. Mas infelizmente voltaram”, comentou Marli Muritiba, integrante da Câmara Técnica do Conselho Gestor da APA do Parques e Dunas do Abaeté/Fórum Permanente de Itapuã.