Moraes Moreira: 08/07/1947 – 13/04/2020

Frevo, baião, rock, samba, choro e música erudita, tudo era Moraes Moreira

Nesta manhã de segunda-feira, 13, os baianos e brasileiros acordaram com uma triste notícia: faleceu aos 72 anos, em sua residência no Rio de Janeiro, o cantor e compositor Moraes Moreira. A informação sobre a morte foi divulgada pelos amigos e famílias, ele sofreu um infarto agudo do miocárdio. Antônio Carlos Moraes Pires nasceu em Ituaçu. Iniciou carreira solo desde 1975, mas antes disso integrou os Novos Baianos.

“Novos Baianos não foi apenas um grupo, e sim um movimento musical, para além de um banda, que inspira diversos artistas e grupos, que almejaram ter as mesmas oportunidades, os músicos se uniram, se isolaram, vivendo quanto família, para criar arte, a partir das suas experiências.”

Quem fala é Léo Rocha, ator, apresentador, cantor e compositor baiano, oriundo do bairro de Itapuã, um dos berços musicais da Bahia e do Brasil, que vê em Moraes Moreira um ícone da Música Popular Brasileira, com sua voz introduzida na música trio, de verão, música de carnaval, que até hoje é exportada para diversas parte do mundo.

Léo destaca também a sua influência na vida de outros artistas, como Bell Marques, que já declarou que Moraes Moreira foi sua referência musical, e por insistência dele conseguiu colocar a voz entre as guitarras que predominavam antes dessa experiência.

A música Pombo Correio, por exemplo, não tinha voz na versão criada por Dodô e Osmar, e Moraes Moreira com sua genialidade consegui romper essa bolha, dando voz à canção. Quando ele coloca a voz no ritmo do Ijexá, que é um ritmo oriundo da África, provoca uma projeção dessa criação que desperta a curiosidade de outros músicos, pela criatividade.

Moraes Moreira, como ficou reconhecido, começou tocando sanfona de doze baixos em festas de São João em Ituaçu. Aprendeu a tocar violão ainda na adolescência, fez curso de ciências e conheceu Tom Zé quando se mudou para Salvador. Aí foi apresentado ao rock’n roll e posteriormente fundou o grupo Novos Baianos com Baby Consuelo, Pepeu Gomes, Paulinho Boca de Cantor e Luiz Galvão, parceria que durou 6 anos.

“Novos Baianos não foi apenas um grupo, e sim um movimento que inspirou diversos artistas”, diz Léo Rocha.

Em 2007 a Revista Rolling Stone Brasil classificou o álbum Acabou Chorare, lançado em 1972, um dos 100 melhores da história da música. Moraes Moreira gravou 40 discos, trabalhos diversificados entre Novos Baianos, Trio Elétrico Dodô e Osmar e ainda dois discos em parceria com o guitarrista Pepeu Gomes. Era artista versátil, misturando ritmos como frevo, baião, rock, samba, choro e música erudita.

Em carreira solo, Moraes, destacou-se como o primeiro cantor de trio elétrico, cantando no Trio de Dodô e Osmar, com muitos sucessos no carnaval: Pombo Correio, Vassourinha Elétrica, Bloco do Prazer. Criou, assim, o termo “frevo trieletrizado”.

Eclético como sempre, em 1994, influenciado pela música erudita, gravou O Brasil Tem Concerto e no ano seguinte  Moraes Moreira Acústico MTV, mais tarde transformado em CD e DVD.