Enquanto a vida segue e as crianças brincam nas ruas despreocupadas como deve ser, a polícia corre atrás nesta quinta-feira (29), de cumprir 32 mandatos pela Operação Nero nos estados de Rondônia, Pará, Mato Grosso, Tocantins, Ceará, São Paulo, Rio de Janeiro e no Distrito Federal. Todos são suspeitos de promover vandalismo na noite da diplomação de Lua e Alckmin, dia 12 último, em Brasília, e um é o pastor Atilla Mello, preso quarta-feira em São Gonçalo, no Rio de Janeiro.
A ordem de prisão foi emitida pelo ministro Alexandre de Morais, que tomou para si a verdadeira cruzada contra os golpistas, endurecendo e agilizando as providências, na mesma linha agora adotada pelo Exército ao antecipar a posse do general Júlio Cesar de Arruda no comando para desmontar acampamentos na porta dos quartéis pelo país. Exército e Judiciário dão mostras da normalidade institucional e desmentem a hipóteses de fechamento do STF, do Congresso e a suspensão das liberdades individuais.
Na realidade as autoridades trabalham com a hipótese de os Bolsonaro saírem do país neste momento para desvincular-se de qualquer ato terrorista antidemocrático que os radicais planejem por inspiração do próprio presidente, que se recusou a desmobilizar os acampamentos e atua pela cartilha do general, que defende atentados e baderna nas ruas para desestabilizar o regime.
A sensação, no entanto, é de que a viagem de Bolsonaro aumenta o sentimento de abandono de um número cada vez maior de seguidores. Primeiro George Washington, preso na Papuda, em Brasília, disse que foi traído à imprensa e à polícia; agora os acampados deixam o protesto com a mesma reclamação, ou constatação, se levarmos em conta a debandada da família. Como amanhã o general Arruda assume o Exército, resta esperar para ver que tipo de atitude tomará.