Nada menos de 78% dos mortos pela polícia no ano passado no Rio de Janeiro eram “pretos e pardos”, na terminologia do Instituto de Segurança Pública, autor do levantamento. Das 1.814 pessoas mortas em operações policiais, 1.423 eram negras, das quais 43% estavam na faixa etária de 14 a 30 anos. Foi o maior índice desde 1998 no estado em que 54% da população se declara preta ou parda, segundo o IBGE.
Sobre o levantamento obtido pelo portal de notícias G1 através da Lei de Acesso à Informação, a Polícia Militar divulgou nota em que argumenta que suas ações “têm como objetivo principal preservar vidas” e que “não cabe à corporação avaliar o perfil etnológico de criminosos, mas sim enfrentá-los quando quando não aceitam a rendição e fazem a opção pelo confronto, disparando tiros em direção à tropa sem medir as consequências”.
A pesquisadora Obirin Odara, estudiosa do tema “estado, colonialidade e branquitude”, atribui a morte de negros e pobres no Rio de Janeiro a um projeto histórico, o que de certa forma é confirmado na nota da polícia ao se referir ao “perfil etnológico de criminosos”, sugerindo que negros são mais criminosos do que brancos.