Segue até o dia 23 de abril a Mostra Ecofalante de Cinema, na Sala Walter da Silveira, Rua Gen. Labatut 27, Barris – Salvador. Programação gratuita.
A mostra reúne filmes premiados internacionalmente, títulos assinados por prestigiados cineastas brasileiros, longas-metragens inéditos no país, obras da “mãe do cinema africano” Sarah Maldoror, debates com ativistas, cineastas e especialistas.
Considerada como um dos maiores festivais do Brasil e o mais importante evento audiovisual sul-americano dedicado a temas socioambientais, a Mostra Ecofalante de Cinema chega na Bahia trazendo filmes inéditos e destaques da edição 2022 do festival.
Debates
Três debates trazem discussões urgentes que concernem sociedades do mundo todo e particularmente o Brasil: transição energética e crise climática; a desigualdade social e o racismo ambiental dela decorrente – algo que a intensificação dos fenômenos climáticos evidencia cada vez mais; e a questão do direito à terra dos povos tradicionais. Os três eventos acontecem na sala Walter da Silveira e têm como mediador o educador e ambientalista Eduardo Mattedi.
Em 18/04, terça-feira, às 20h00, acontece o debate “O Futuro da Energia”. Eliminar nossa dependência dos combustíveis fósseis e efetuar a passagem para as energias renováveis são ações urgentes, mas essa constatação não dá conta da complexidade das questões que envolvem o tema. Há muitos outros aspectos sociais e econômicos a serem levados em conta. Esses e outros desafios serão discutidos nesse debate. Participam do evento Renan Andrade, ativista e coordenador de planejamento estratégico da 350.org Brasil; Guiomar Germani, Doutora em Geografia, pesquisadora do CNPq e líder do Grupo de Pesquisa GeografAR e Fernando Pessoa, Doutor em Engenharia Química, professor titular do CIMATEC. O debate acontecerá imediatamente após a exibição do filme inédito A Máquina do Petróleo, às 18h30.
“Racismo Ambiental” é o tema do debate agendado para 19/04, quarta-feira, às 20h00. A intensificação dos fenômenos climáticos extremos tornou mais evidente a desigual repartição dos ônus e bônus do chamado desenvolvimento econômico e mostrou que a vulnerabilidade tem viés racial. Nesse debate será discutido como essas questões estão amparadas pelo conceito de Racismo Ambiental. Participam do encontro Julio Rocha, Diretor da Faculdade de Direito da UFBA, Marta Rodrigues Vereadora da Câmara Municipal de Salvador e especialista em Direitos Humanos, e Agnaldo Pataxó Hã-hã-hãe, do MUPOIBA (Movimento Unido dos Povos e Organizações Indígenas da Bahia). O filme exibido logo antes do debate será o inédito Filhos do Katrina, às 18h30.
Na quinta-feira, 20/04, às 20h00, acontece o debate “Direito à Mãe Terra”. O reconhecimento do acesso à terra como um direito, seja por meio da demarcação das terras dos povos originários ou do assentamento de reforma agrária, encontra oposição constante nos modelos de desenvolvimento adotados no país. Pode a lógica do agronegócio e da exploração de recursos passar por cima de garantias constitucionais? Integram a mesa Mãe Donana e Rose Meire, do Quilombo Quingoma Kingoma e Rio dos Macacos, respectivamente; o ativista e ambientalista Cacique Juvenal Payayá, e Marcelino Galo, engenheiro agrônomo, superintendente da ALBA. O debate acontecerá logo após a exibição do filme brasileiro A Mãe de brasileiro A Mãe de Todas as Lutas – que será exibido junto com os curtas Mensageiras da Amazônia
e Autodemarcação Já!, às 18h00.
Confira a programação da Mostra Ecofalante na Sala de Cinema Walter da Silveira
18/04, terça-feira
16h45 – “Deep Rising – A Última Fronteira” (93 min) – Matthieu Rytz
18h30 – “A Máquina do Petróleo” (82 min) – Emma Davie
*** seguido do debate “O Futuro da Energia”
19/04, quarta-feira
17h00 – “Amazônia, A Nova Minamata?” (76 min) – Jorge Bodanzky
18h30 – “Filhos do Katrina” (79 min) – Edward Buckles Jr.
*** seguido do debate “Racismo Ambiental”
20/04, quinta-feira
15h45 – “Nação Lakota Contra os Estados Unidos” (120 min) – Jesse Short Bull e Laura Tomaselli
18h00 – “Mensageiras da Amazônia: Jovens Munduruku Usam Drone e Celular para Resistir às Invasões” (17 min) – J. Moncau, E. Nikou e Coletivo Munduruku Daje Kapap Eypi “Autodemarcação Já!” (7 min) – Coletivo Audiovisual Munduruku Daje Kapap Eypi
“A Mãe de Todas as Lutas” (84 min) – Susanna Lira
*** seguido do debate “O Direito à Terra dos Povos Originários”
22/04, sábado
14h00 – “Ser Feliz no Vão” (12 min) – Lucas H. Rossi dos Santos
“Rolê – Histórias dos Rolezinhos” (82 min) – Vladimir Seixas
16h00 – “Uma História de Ossos” (95 min) – Joseph Curran e Dominic Aubrey de Vere
18h00 – “A Invenção do Outro” (144 min) – Bruno Jorge
23/04, domingo
13h30 – “Vento na Fronteira” (77 min) – Laura Faerman e Marina Weis
15h30 – “O Sonho Americano e Outros Contos de Fadas” (87min) – Abigail Disney e Kathleen Hughes
17h30 – “Exu e o Universo” (93 min) – Thiago Zanato
19h30 – “Diálogos com Ruth de Souza” (107 min) – Juliana Vicente
SERVIÇO:
Mostra Ecofalante de Cinema – Bahia 2023
Confira as sinopses:
“A Invenção do Outro” (Brasil-SP, 2022, 144 min) – Bruno Jorge
A Funai – Fundação Nacional dos Povos Indígenas realiza a maior expedição das últimas décadas na Amazônia para tentar encontrar e estabelecer o primeiro contato com um grupo de indígenas isolados da etnia dos Korubos em estado de vulnerabilidade e ainda promover um delicado reencontro com parte da família já contatada poucos anos antes.
Vencedor dos prêmios de melhor filme, fotografia, montagem, edição de som e Prêmio Saruê / Jornal Correio Braziliense (melhor “momento” do festival) no Festival de Brasília do Cinema Brasileiro; exibido na Mostra de Tiradentes e no Festival Visões Periféricas.
“A Mãe de Todas as Lutas” (Brasil-RJ, 2021, 84 min) – Susanna Lira
A trajetória de Shirley Krenak e Maria Zelzuita, mulheres que estão à frente da luta pela terra no Brasil. Shirley traz a missão de honrar as mulheres e a sabedoria das Guerreiras Krenak, da região de Minas Gerais. Maria Zelzuita é uma das sobreviventes do Massacre de Eldorado dos Carajás (1996), no Pará. As trajetórias destas duas mulheres nos ligam ao conceito da violência e apropriação do corpo feminino.
Exibido no Festival de Cinema Brasileiro de Paris, Fest Aruanda – Festival Aruanda do Audiovisual Brasileiro e FICASC – Festival de Cinema Ambiental da Serra Catarinense.
“A Máquina do Petróleo” (“The Oil Machine”, Reino Unido, 2022, 82 min) – Emma Davie
O filme explora nosso complexo envolvimento econômico, histórico e emocional com o petróleo à medida que avançamos rumo ao colapso climático.
Inédito no Brasil; vencedor do prêmio do júri jovem no Zinebi – Festival de Bilbao; exibido Sheffield Doc Fest (Reino Unido) e no Doclisboa.
“As Sementes de Vandana Shiva” (“The Seeds of Vandana Shiva”, EUA/Austrália, 2021, 88 min) – Camilla Becket e James Becket
Como a filha obstinada de um conservador florestal do Himalaia se tornou o pior pesadelo da Monsanto? O filme conta a história de vida notável da ecoativista gandhiana Dra. Vandana Shiva, revelando como ela enfrentou os Golias corporativos da agricultura industrial, ganhou destaque nos movimentos de economia de sementes e alimentos orgânicos e está inspirando uma cruzada internacional transformadora.
Exibido no Festival de Sydney.
“Amazônia, A Nova Minamata?” (Brasil-RJ, 2022, 76 min) – Jorge Bodanzky
Este documentário acompanha a saga do povo Munduruku para conter o impacto destrutivo do garimpo de ouro em seu território ancestral, enquanto revela como a doença de Minamata, decorrente da contaminação por mercúrio, ameaça os habitantes de toda a Amazônia hoje.
Exibido na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, Festival do Cinema Brasileiro de Paris e na Mostra de Tiradentes.
“Amianto: Crônica de um Desastre Anunciado” (“Le Tombeau de l’Amiante: Chronique d’un Désastre Annoncé”, Bélgica, 2021, 90 min) – Marie-Anne Mengeot e Nina Toussaint
Durante mais de 20 anos, o uso generalizado do amianto na Europa foi retratado por uma jornalista da televisão nacional belga em diversos programas. Neste documentário-denúncia, a montagem desse rico acervo evidencia como a direção da indústria do amianto sabia dos riscos que o material oferecia para a saúde, e como sua insistente ocultação dos perigos deste produto “milagroso” e muito rentável levou à doença e à morte de inúmeros trabalhadores e suas famílias.
Inédito no Brasil; exibido no CPH:DOX (Dinamarca), Festival de Toronto e no Dokufest (Kosovo).
“Autodemarcação Já!” (Brasil-PA, 2023, 7 min) – Coletivo Audiovisual Munduruku Daje Kapap Eypi
Cansadas das invasões de garimpeiros e madeireiros, e correndo risco de vida, as guerreiras Munduruku se unem aos homens e às crianças na luta pela demarcação do território.
“Delikado” (“Delikado”, EUA/Filipinas/Reino Unido/Austrália/Hong Kong, 2022, 94 min) –Karl Malakunas
Com sua rica biodiversidade e beleza natural, a ilha de Palawan, nas Filipinas, é um dos destinos turísticos mais visitados da Ásia. Mas, para uma pequena rede de defensores do meio ambiente, este local mais parece um campo de batalha. Delikado acompanha três defensores ambientais em sua luta para proteger Palawan da exploração ilegal de suas florestas, rios e montanhas, em um dos países com a maior taxa de assassinato de ambientalistas.
Vencedor do Prêmio Futuro Sustentável no Festival de Sydney, Prêmio Espiga Verde no Festival de Valladolid (Espanha), menção especial nos Prêmios Asia Pacífico; exibido no Hot Docs (Canadá), DMZ Docs (Coréia do Sul) e no Dokufest (Kosovo).
“Deep Rising – A Última Fronteira” (“Deep Rising”, EUA, 2023, 93 min) – Matthieu Rytz
O destino do último deserto intocado do planeta – o oceano profundo– está sob ameaça quando uma organização secreta está prestes a permitir a extração maciça de metais do fundo do mar para resolver a crise mundial de energia.
Estreou no Festival de Sundance (EUA). Passou no CPH:DOX (Dinamarca) e no Festival de Cleveland (EUA).
“Diálogos com Ruth de Souza” (Brasil-SP, 2022, 107 min) – Juliana Vicente
Ruth de Souza inaugura a existência de atrizes negras em palcos, televisão e cinema no Brasil. Carrega em si a gênese de parte importante das conquistas para as mulheres negras ao longo de quase um século de vida. A partir de conversas com a diretora da obra, também uma mulher negra, materiais de arquivos da vida de Ruth em um cruzamento com o universo mitológico, em uma interpretação ficcional e transcendental de sua vida, temos um longa protagonizado por Ruth de Souza.
Vencedor do prêmio Marco Antônio Guimarães para melhor utilização de material de memória, pesquisa e arquivos do cinema brasileiro no Festival de Brasília do Cinema Brasileiro; exibido na Mostra Internacional de Cinema SP e no Festival do Rio.
“Escrevendo Com Fogo” (“Writing With Fire”, Índia, 2021, 93 min) – Rintu Thomas e Sushmit Ghosh
Em um cenário de notícias caótico e dominado majoritariamente por homens, surge o primeiro e único jornal diário da Índia dirigido por mulheres. Equipadas com smartphones, a
editora-chefe e repórter Meera e suas jornalistas quebram tradições, seja na linha de frente da cobertura dos maiores problemas do país ou dentro de suas casas, redefinindo seus papéis naquela sociedade.
Vencedor do prêmio do público e prêmio especial do júri no Festival de Sundance; melhor documentário no Festival de São Francisco; prêmio especial do júri no Festival de Seattle; prêmio do público no Festival de Yamagata (Japão); exibido nos festivais IDFA-Amsterdã, CPH:DOX (Dinamarca) e Hot Docs (Canadá).
“Exu e o Universo” (Brasil-RS-RJ-SP/Nigéria/Eslovênia/Espanha, 2022, 93 min) – Thiago Zanato
Exu é uma divindade africana popular de milhares de anos e talvez nunca saibamos sua origem exata. Mas é possível entender como Exu deixou de ser um Deus na África para se tornar o Diabo no Brasil. Essa trágica história, que passa pela colonização e escravidão, ainda não terminou. O filme segue o caminho complexo de uma cultura transformada em resistência ao longo de vários séculos.
Vencedor do prêmio de melhor documentário no Festival do Rio e do prêmio do público para documentário brasileiro na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo.
“Filhos do Katrina” (“Katrina Babies”, EUA, 2021, 79 min) – Edward Buckles Jr.
Em 2005, o furacão Katrina não apenas destruiu grande parte da cidade de Nova Orleans, mas também mudou para sempre a vida de muitos jovens. O cineasta Edward Buckles Jr. tinha 13 anos quando isso aconteceu. Em seu documentário de estreia, ele dá voz aos que foram expulsos de suas casas e abandonados pelo governo da época.
Vencedor do prêmio de novo documentarista no Festival de Tribeca (EUA); exibido no Festival de Zurique.
“Lavra” (Brasil-MG, 2021, 101 min) – Lucas Bambozzi
Camila, geógrafa, retorna à sua terra natal depois de o rio de sua cidade ser contaminado pelo maior crime ambiental do Brasil, provocado por uma mineradora transnacional. Camila segue o caminho da lama que atingiu o rio, varreu povoados, tirou vidas e deixou um rastro de morte e destruição, e começa a repensar seu estilo de vida. Decide fazer um mapeamento dos impactos da mineração em Minas Gerais e se envolve com ativistas e movimentos de resistência, saindo do individualismo para a coletividade. Lavra é um road-movie sobre perder um mundo e tentar recuperá-lo, sobre pertencimento e identidade, na guerra em curso entre capitalismo e a natureza.
Vencedor do prêmio do público para melhor longa-metragem da competição latino-americana da Mostra Ecofalante de Cinema, melhor fotografia e menção honrosa do júri no Festival de Brasília do Cinema Brasileiro; exibido no IDFA-Amsterdã e na Mostra de Tiradentes.
“Mensageiras da Amazônia: Jovens Munduruku Usam Drone e Celular para Resistir às Invasões” (Brasil-PA, 2022, 17 min) – Joana Moncau, Elpida Nikou e Coletivo Audiovisual Munduruku Daje Kapap Eypi
Na Terra Indígena Sawré Muybu, no sudoeste do Pará, três mulheres munduruku integram o Coletivo Audiovisual Munduruku Daje Kapap Eypi, que divulga as denúncias dos indígenas para além das margens do rio Tapajós. O filme acompanha essas jovens durante a produção de um documentário sobre as ações de seu povo para proteger a Amazônia e defender o território de invasores, sobretudo de madeireiros e garimpeiros. Expulsar os invasores sempre foi arriscado, mas em tempos de governo Bolsonaro é ainda mais.
Vencedor do prêmio de melhor curta-metragem da competição latino-americana da Mostra Ecofalante de Cinema.
“Nação Lakota Contra os Estados Unidos” (“Lakota Nation Vs. United States”, EUA, 2022, 120 min) – Jesse Short Bull e Laura Tomaselli
O filme narra a jornada dos indígenas Lakota para recuperar Black Hills, terra sagrada que foi tomada à força pelo governo norte-americano apesar da existência de tratados que lhes garantiam a posse desta terra. Um retrato marcante e oportuno da resistência, o filme explora as maneiras pelas quais a América ignorou sua dívida com as comunidades indígenas e pondera o que pode ser feito hoje para reparar os erros do passado.
Inédito no Brasil; selecionado para o Festival de Tribeca.
“O Bem Virá” (Brasil-PE, 2021, 80 min) – Uilma Queiroz
Treze mulheres, 13 ventres, 13 esperanças, uma foto. E uma busca pelas mulheres que, em 1983, em uma seca no Sertão do Pajeú pernambucano, lutaram pelo direito à sobrevivência, num contexto em que ser mulher era se limitar à função de administrar a miséria.
Vencedor do prêmio de melhor filme da competição latino-americana da Mostra Ecofalante de Cinema; selecionado para o Olhar de Cinema – Festival Internacional de Curitiba e para o CachoeiraDoc – Festival de Documentários de Cachoeira (BA).
“Rolê – Histórias dos Rolezinhos” (Brasil-RJ, 2021, 82 min) – Vladimir Seixas
Os rolezinhos em shoppings no Brasil mobilizaram milhares de pessoas nos últimos anos. Essa forma inusitada de manifestação escancarou as barreiras impostas pela discriminação racial e exclusão social. Acompanhe neste documentário a vida e as lembranças de três personagens negras que enfrentaram situações traumáticas de racismo e participaram das ocupações em shoppings. Descubra os sonhos, a beleza, a poesia, a arte e a política de uma geração que encontrou novas maneiras de lidar com a violência vivida promovendo um intenso debate pelo país.
Vencedor do grande prêmio no Festival de Rhode Island (EUA); melhor documentário no Festival do Rio; prêmio especial do júri e prêmio do público no Olhar de Cinema – Festival Internacional de Curitiba; menção honrosa para longa-metragem da competição latino-americana na Mostra Ecofalante