Mostra Teatro do Oprimido da Maré
Foto: Naldinho Lourenço
Na tarde do dia 29 de março, domingo, das 15h às 18h, acontece no Espaço Multiuso do Centro de Artes da Maré – CAM, a Mostra “Teatro do Oprimido na Maré”, com apresentações de peças teatrais musicadas concebidas e interpretadas por jovens moradores do Complexo da Maré. As peças contam histórias reais vividas por esses jovens, como por exemplo o preconceito que existe no mercado de trabalho em relação aos moradores de comunidades pobres, machismo, questão de gênero, violência etc. O evento conta com o apoio do CAM e da Redes da Maré. Entrada franca.
A discussão sobre preconceito e violência segue mesmo depois da peça terminada. É nesse momento que inicia o Teatro Fórum, quando o Teatro do Oprimido leva para além do palco as questões da sociedade que precisam ser mudadas. Assim, para fortalecer o diálogo entre o oprimido e o opressor a plateia entra em cena. Uma das principais características do Teatro do Oprimido é essa participação. O curinga, como são chamados os facilitadores dos grupos, pergunta ao público como eles resolveriam esse impasse. Mas não basta o espectador dizer o que faria no lugar, tem que subir no palco e mostrar. Neste momento um espectador substitui o ator na cena interpretando a alternativa pensada. Em seguida o público discute se aquela alternativa colabora na solução. Muitas alternativas podem existir e outros espectadores entram em cena. Aqui a improvisação é que vale.
No Teatro do Oprimido praças, escolas e ruas viram palco e a metodologia vai aonde o oprimido precisa ganhar voz: todos pessoas reais e atores em potencial.
A Mostra “Teatro do Oprimido na Maré” que acontece dia 29 de março, no Centro de Artes da Maré, é a primeira apresentação pública dos trabalhos que estão sendo desenvolvidos pelos 33 jovens, entre 15 e 20 anos, moradores da Maré, desde 2014 e faz parte do Programa “Teatro do Oprimido na Maré”, desenvolvido pelo Centro de Teatro do Oprimido, desde novembro de 2013 nos diversos micro bairros do Complexo da Maré, com patrocínio da Petrobras por meio do Programa Petrobras SocioAmbiental.
O Programa “Teatro do Oprimido na Maré” trabalha com a participação da juventude local, onde esta, através do teatro, faz a leitura estética da realidade em que vive, buscando conhecer, debater, propor e intervir com novas formas de atuação comunitária, a partir da metodologia do Teatro do Oprimido, criada pelo teatrólogo, escritor, ensaista, dramaturgo, diretor Augusto Boal.
O grande legado que Augusto Boal deixou como artista foi o Teatro do Oprimido, uma metodologia que colabora para que o cidadão se torne protagonista da própria vida. A importância da herança de Boal fez com que a Unesco concedesse a ele o título de Embaixador Mundial do Teatro. Hoje calcula-se que existam mais de 300 grupos praticando Teatro do Oprimido em 50 países.
 
“O primeiro princípio do Teatro do Oprimido é transformar o espectador, que é um ser passivo, em ator, que é um ser ativo. Nós procuramos transformar uma pessoa que não faz nada numa pessoa que determina as coisas que serão feitas.” (Augusto Boal)
A partir de maio de 2015 os espetáculos que fazem parte da Mostra do dia 29 de março, serão apresentados em circulação por diversos espaços da Maré. Em novembro participam do “Festival Juventude da Maré” a ser realizado na própria Maré, mas também em um teatro no Centro da Cidade.