“A posição do nosso governo por enquanto é uma só: isolamento e distanciamento social. Isso está sendo discutido e ontem o presidente buscou colocar e pode ser que ele tenha se expressado de uma forma, digamos assim, que não foi a melhor, mas o que ele buscou colocar é a preocupação que todos nós temos com a segunda onda como se chama nesta questão do coronavírus. Nós temos uma primeira onda, que é a saúde, e temos uma segunda onda, que é a questão econômica”, explicou o vice-presidente, general Hamilton Mourão, em entrevista coletiva hoje, 25, em Brasília.
A declaração foi resposta à indagação geral do país sobre o tom empregado por Jair Bolsonaro em sua fala na noite de ontem, 24, em rede de rádio e televisão, quando voltou a minimizar os riscos da pandemia do coronavírus, em confronto direto com diretrizes do Ministério da Saúde e da Organização Mundial de Saúde.
O discurso presidencial soou, para muitos observadores, como o ponto de não retorno nas relações do Planalto com o titular da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, em rota de colisão com o presidente desde o domingo 15, quando não o acompanhou à manifestação de apoio ao governo em Brasília, nem endossou publicamente seu comportamento. Nesta quarta-feira, Mandetta mandou avisar que não deixará o ministério e continuará à frente dos esforços contra o vírus.
Questionado também sobre esta questão, o vice-presidente saiu pela tangente, o que pode não ter desagrado Bolsonaro mas deixou o ministro mais confortável, por enquanto:
“A minha visão por enquanto é que temos que terminar esse período que estamos em isolamento para que haja calibragem da forma como está avançando a epidemia no país e, a partir daí, se possa gradativamente ir liberando as pessoas dentro de atividades essenciais para que a vida vegetativa do país prossiga”, respondeu.