O município com a maior população preta e parda do país nunca teve um prefeito negro. Ao menos não eleito pelo povo. Salvador chegou aos 470 anos de história passando apenas 7 meses pelas mãos de um gestor com a “cor da cidade”.

O escolhido foi Edvaldo Brito, nomeado pelo governador Roberto Santos durante a ditadura militar, entre 1978 e 1979. Diante disso, movimentos sociais estão apostando nas eleições de 2020 para mudar a narrativa.

Pelo menos 6 nomes anunciaram oficialmente campanhas de pré-candidatura ao cargo de comando da cidade, endossados por articulações entre movimentos negros locais.

São eles: a socióloga e ativista do Movimento de Mulheres Negras Vilma Reis (possível candidata do PT); o presidente do Ilê Aiê Antônio Carlos dos Santos, ou ‘vovô do Ilê’; o vereador Moisés Rocha (PT); o deputado federal Valmir Assunção (PT); o vereador Sílvio Humberto (PSB) e o pesolista Hilton Coelho.
Há ainda outras figuras sendo especuladas, como Olívia Santana (PCdoB) e Suíca (PT).

Em 9 de agosto, no Pelourinho, um importante seminário chamado “Por que queremos ela – Salvador cidade preta”, reuniu a maioria dos pré-candidatos numa demonstração de força aos dirigentes dos partidos.

“Nós oferecemos aos nossos partidos um projeto de liberdade. Que nossos partidos banquem todas as candidaturas”, disse Vilma Reis.

O evento foi organizado pelo Fórum de Entidades Negras da Bahia, pela Bancada do Feijão (grupo político que tem origem no Pelourinho) e pelos movimentos “Eu quero ela” e “Agora é ela – bicão na diagonal”.

Matéria publicada no jornal A voz da Favela, edição de setembro 2019.