Movimentos sociais se unem em apoio a deputada Renata Souza

O governador do estado do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC) entrou com um pedido de processo da cassação do mandato da deputada Renata Souza em respostas às denúncias à ONU do genocídio que ele comanda nas favelas do Estado. Um exemplo que evidencia a coerência da deputada com o seu dever político, que é fiscalizar o poder executivo, é o caso em que o governador se encontrava a bordo de um helicóptero que atirou a esmo em uma favela de Angra dos Reis, atingindo uma tenda construída por evangélicos onde a população usava de banheiro, com o pretexto de que seria um ponto de observação do tráfico. Renata Souza é a primeira mulher negra a presidir a Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da ALERJ, uma grande ameaça a política fascista dos bolsonaristas.

Wilson Witzel na polêmica ação em helicóptero em Angra dos Reis. Créditos: reprodução da internet.

Nesse mês de maio completam-se 131 anos da abolição da escravatura no Brasil, sendo realizada sessão na câmara em homenagem à Princesa Isabel, coordenadas pelos deputados Eduardo Bolsonaro (PSL/SP) e Luis Phillipe de Orleans e Bragança (PSL/SP). Desrespeitando-se a luta dos povos escravizados pela sua liberdade e exaltando uma monarca que sancionou a lei por motivações capitalistas, tal sessão foi interrompida pelo movimento negro com faixas em homenagem a Marielle Franco e gritos de “Parem de nos matar.” Simbolicamente, no último dia 14 de maio, completando um ano e dois meses sem Marielle, movimentos sociais do Rio de Janeiro se unem em apoio a deputada Renata Souza (PSOL/RJ) que enfrenta atualmente as consequências do racismo estrutural instaurado no país.
O evento se mostrou representativo, com participação de diferentes organizações civis e institucionais, como MST (que cedeu o espaço físico) MOLEQUE, Juventude Juntos, UNE, Rede Emancipa e Defensores do Planeta; além de representantes de organizações de atuação nacional e internacional, a exemplo da OAB, Justiça Global e o Comitê Brasileiro de defensores e defensoras dos Direitos Humanos. A reunião também contou com a participação de pessoas individuais como moradores das favelas do Complexo do Chapadão, da Maré e do Alemão.
A deputada também recebeu apoio com a contribuição da fala de outras mulheres negras da política, como Daniella Monteiro (PSOL/RJ) que falou “Pelo levantar, empoderamento e participação dos favelados” e Mônica Francisco (PSOL/RJ). Mônica comentou a resistência dos homens em às olhar em pé de igualdade e levou a importância, para além dos(as) aliados(as), do protagonismo delas nesse momento histórico. Para ela, as mulheres negras não buscam espaço de poder, pois isso não é coerente com sua ancestralidade; só existirá poder para as mulheres negras quando for coletivo, portanto buscam posições decisórias, e isso causa a resistência. A deputada fecha com uma mensagem de união: “Todas, todos e todes ombro a ombro.”
A deputada Renata Souza também participou da reunião. Ela cita o machismo, racismo e autoritarismo dos homens, mostrando que não é à toa que o seu mandato de apenas 4 meses já está sendo perseguido. Ela alertou para o risco da perda de autonomia da ALERJ, de liberdade de expressão e de ação do poder legislativo, por conta da intervenção do governador. A deputada também citou que o histórico da Comissão dos Direitos Humanos é caminhar juntamente à participação dos movimentos populares, em agradecimento a diversidade de organizações presentes.
No encerramento, foi relembrado, na presença de um dos compositores, Danilo Firmino, o samba-enredo da escola de samba Mangueira de 2019, que fez história por denunciar o racismo sofrido pelo povo negro.