Policiais federais e servidores do Ministério da Justiça confirmaram em conversas com repórteres que o objetivo principal de Jair Bolsonaro é submeter a estrutura policial ao seu comando para interferir, impedindo investigações e obtendo informações privilegiadas sobre seus protegidos e desafetos, como numa ditadura.
A óbvia preocupação é a investigação sobre fake news por parte da rede de apoio bolsonarista. O presidente não tem acesso a informações do inquérito conduzido pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes e culpa Maurício Valeixo, cuja demissão resultou na saída do ministro da Justiça.
Nos bastidores da Polícia Federal, a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito das Fake News a saída de Valeixo é vista como forma de proteger principalmente o deputado Eduardo Bolsonaro e o vereador Carlos Bolsonaro. A CPMI identificou, com a ajuda de policial federal cedido ao Congresso, assessor do parlamentar na disseminação de ataques nas redes contra políticos e juízes. Esta semana, o deputado pediu ao STF para que a CPMI não tenha seus trabalhos prorrogados.
O presidente tem falado ainda a aliados que quer colocar a PF para apurar supostos desvios relacionados à pandemia do novo coronavírus nos estados, como supostas irregularidades no Rio e em São Paulo, cujos governadores são considerados oposição. Wilson Witzel, do Rio de Janeiro, chegou a enviar mensagem hoje a Sérgio Moro considerando “uma honra” tê-lo em sua equipe de governo.