Mulheres da periferia paulistana lançam biografia com histórias de resistência

Foto: Bruno Dias

Na última quinta-feira (22), na Livraria da Vila, no Shopping JK em São Paulo, 5 mulheres lançaram suas biografias para contar suas trajetórias de resistência ao machismo, à misoginia e às desigualdades sociais. Elizandra, Renata, Rúbia, Teomila e Vanessa são empreendedoras e escreveram o livro em parceria com a companhia biofarmacêutica, Sanofi. “Esse projeto é importante porque empodera as mulheres. Sou da periferia, negra e tenho uma religião estampada na minha cara. Esse projeto me trás a oportunidade de contar a minha história para que pessoas possam se inspirar e nunca desistir”, diz Teomila Veloso, dona do Point do Acarajé da Mila, em Paraisopólis.

Foto: Bruno Dias

O projeto Biografias Colaborativas também conta a história de Rúbia Mara, uma jornalista que por não se adaptar ao mercado tradicional, montou sua Agência de Comunicação, dentro da comunidade, focando em consultoria ao universo da música funk. Uma de suas maiores conquistas foi prestar assessoria ao Rei da Nigéria, durante sua passagem pelo Brasil. “Eu não tenho dimensão do que vai acontecer a partir de agora. Ter uma empresa internacional nesse projeto, me faz não ter ideia do que vai acontecer. Isso não era o meu dia a dia”, diz.

Escritora e empresária Rúbia Mara, em noite de autógrafos. Foto: Bruno Dias

Emocionada, Renata Santos, dona da Quebrada Produções, espera que sua história mude a vida de outras pessoas. Ex-presidiária e hoje empresária, acredita na mudança através das oportunidades e do amor familiar, afinal, segundo ela, o sistema carcerário não tem capacidade para ressocializar os detentos.  “99% não chega aqui, eu sou uma em um milhão. Espero que minha história encurte o percurso de outras pessoas”.

Escritora e empresária Renata Santos, em noite de autógrafos. Foto: Bruno Dias

Vanessa Vieira, Dona do Mon Petit Bazar, uma loja de roupas, calçados e assessórios com o objetivo de estimular o consumo consciente, é um exemplo de resiliência. Depois de casar com um francês e morar num bairro nobre, teve que se reinventar após a morte de seu esposo. Passou a morar no Capão Redondo e a catar latinhas para sobreviver. Só depois teve a ideia de empreender e dar novo significado a sua trajetória. “Esse projeto me empoderou. Ele mudou a minha forma de empreender”, declara.

Escritora e empresária Vanessa Vieira em noite de autógrafos. Foto: Bruno Dias

Dona do Bistrô e Café Mãos de Maria, em Paraisópolis, Elizandra Cerqueira acredita no empoderamento feminino através do empreendedorismo. Questionada se teme que sua trajetória se abale com a extrema-direita na Presidência da República, enfatiza: “A luta da mulher tem crescido e o nosso posicionamento não tem mais volta. O feminismo existe por conta do machismo e nós temos que combater isso em todas as frentes. Espero como brasileira e patriota que a gente não fique esquecida. Nós mulheres precisamos nos unir e não nos amedrontar”.

Noite de autógrafos na Livraria da Vila. Shopping JK. Foto: Bruno Dias

O projeto Biografias Colaborativas contou com recursos da Lei Rouanet, o apoio da Sanofi e do SEBRAE. Cada biografia passou por uma rigorosa seleção e as participantes finalistas, contaram com a consultoria e treinamento do SEBRAE em seus empreendimentos. Segundo Márcia Goraieb, Diretora de Responsabilidade Corporativa e Comunicação da Sanofi, o objetivo do programa é dar voz às mulheres fortes e inspirar pessoas. “Nossa intenção é continuar esse projeto em comunidades do Rio. Queremos dar voz não só para mulheres das comunidades de São Paulo, mas também de todo o Brasil”, completa.

Noite de autógrafos na Livraria da Vila. Shopping JK. Foto: Bruno Dias
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Bruno Dias
Ator desde os 7 anos de idade, sou apaixonado por comunicação e tudo que envolve a expressão do pensamento. Vejo a arte, o diálogo e a criatividade, o caminho para a construção de um mundo mais igualitário, plural e justo. No mundo real, neste em que os títulos nos definem, sou dublador há 11 anos, jornalista formado pela Mackenzie e pós-graduando em Mídia, Informação e Cultura na USP. Almejo cada vez mais combater a parcialidade da mídia tradicional, unindo arte, conhecimento e informação na prática jornalistica. Todos os campos do jornalismo me atraem. Quero dialogar para mudar o mundo.