Desde o inicio da humanidade, as mulheres são fonte de inspiração, e mesmo que tal reconhecimento ainda esteja longe do ideal, é inegável que a sociedade é influenciada por mulheres que inspiram a todo instante, como seres humanos iluminados, nos diversos níveis sociais e atividades profissionais.

Seja no campo da educação, artes, cultura, gastronomia, esporte, entre outras áreas, e também desempenhando outras funções atreladas à sua vida pessoal, tão importantes quanto, cada um de nós tem uma mestra pra chamar de inspiração. Tanto como referência familiar, amizade ou profissional. Mulheres inspiram.

Embora haja comemorações neste mês em várias partes do mundo em relação às conquistas das mulheres, é sabido que as dificuldades e desigualdades entre homens e mulheres destoam assustadoramente, ainda com o agravante das violências sofridas diariamente por elas nas mais variadas faixas etárias e classes sociais.

Neste espaço, vamos dar vazão a perfis de mulheres que superaram (e superam) constantemente obstáculos para serem bem sucedidas em suas escolhas pessoais e profissionais, e conseguem transmitir mensagens de encorajamento para outras mulheres e também para a sociedade como um todo. Mulheres de todas as regiões do país são violentadas em muitos dos seus direitos.

E na região Nordeste, área do país onde se verifica o maior número das desigualdades sociais no pais, e diante das barreiras impostas socialmente, encontra-se o maior número dessas mulheres.

Mas, algumas delas fizeram de alguns limões que a vida lhe apresentou saborosas limonadas, refrescando assim suas vidas, lutando como mulheres inspiradoras que são. Algumas dessas mulheres temos o prazer de tê-las como colaboradoras da nossa agência. Conheça algumas dessas mulheres que fazem a diferença e inspiram outras mulheres.

Catarina de Freitas Barbosa Assis 

Catarina de Freitas Barbosa Assis, 35 anos, residente na Massaranduba/Ribeira, Salvador (Bahia), mãe, bibliotecária social e empreendedora, casada, 2 filhos. Segundo Catarina a primeira profissão dela é ser mãe por opção. Depois, é bibliotecária social e empreendedora. A fonte de inspiração é sua mãe, dona de casa que sofreu muito preconceito por ter se privado dos seus sonhos para cuidar dos filhos.

“A verdade é que faltam políticas públicas consistentes que incentivem e encorajem as mães a seguirem o seu caminho na sociedade. A mulher pode estudar, sim. Pode trabalhar, sim… Em muitos países é realidade nas universidades e empresas terem berçários, creches e escolas que os filhos das estudantes e funcionárias possam frequentar. No horário de almoço elas podem estar com os filhos, de certa forma podem ficar mais tranquila pois sabem que estão perto dos seus filhotes. Mas, infelizmente é cultural e o objetivo é diminuir a mulher”.

Deise Silva Nery

Deise Silva Nery, 39 anos, mora em Nova Brasilia, é oriunda da escola pública, formada em Assistente Social, Solteira, 1 filho. Deise foi a primeira da família materna a ter nível superior e foi a única até ano passado, 2019, quando sua prima ingressou no curso superior em pedagogia. “Sempre gostei de apoiar e ouvir as pessoas”! Sua vó é sua fonte de inspiração (em memória).

A vontade pela profissão foi despertada quando teve oportunidade de conhecer a UFBA- Universidade Federal da Bahia, através de um passeio promovido pela escola. “Quando somos pobres, a oportunidade quando surge não podemos desperdiçar”.

Criada por uma família chefiada por mulheres sem apoio nenhum dos pais. Seus pais se separaram quando ela tinha dois anos e foi morar com minha avó. “Mainha só tinha o primeiro grau na época e estava desempregada, minha avó nos ajudou com seu benefício e de uma tia com transtorno mental”. O familiar que mais tinha “condições” na época era um técnico de enfermagem e passou em um concurso público.

Com suas experiências tenta apoiar outras pessoas para adquirir conhecimento e sair da situação de vulnerabilidade, essa é sua forma de influenciar a vida dos outros.

Eliecilda da Conceição Souza

Eliecilda da Conceição Souza (Cida), 42 anos, casada e mãe de uma menina. Mora em Salvador mas é oriunda do interior da Bahia. Tem formação em Pedagogia pela UNEB- Universidade Estadual da Bahia, mas seu desejo era cursar Serviço Social.

Atua em escola da rede municipal de Salvador. ” Como mulher busco sempre agir a partir do meu lugar do meu jeito sendo verdadeira comigo mesmo, buscando realizações na vida pessoal e profissional”.

Sua mãe é a inspiração, como também tantas outras mulheres que o universo lhe presenteou, que caminham juntas, e são essas mulheres que estende a mão para levantar.

Célia Guimarães

Célia Guimarães, 50 e uns anos (risos), pedagoga e advogada. A pedagogia escolheu ainda jovem quando morava no interior e advocacia foi a partir da chegada no Bairro da Paz, em Salvador, quando iniciou sua militância social. Solteira e com uma filha, Célia se inspirou nas mulheres que teve o prazer de conhecer durante sua trajetória de vida. E
quando tem oportunidade fala das experiências e conquistas e tudo que pode conseguir ainda. Aproveitando as oportunidades.

Nara Paixão Sacramento

Nara Paixão Sacramento tem 33 anos. Educadora (Língua Portuguesa e Inglesa), mãe de Sofia Paixão, de 6 anos.

A decisão de trabalhar com educação aconteceu quando percebeu que poderia contribuir para um cenário social com mais oportunidades. “Vejo que me encontrei estando nas escolas, principalmente de zona rural, onde consigo acrescentar possibilidades e munir meus alunos para um futuro mais digno e próspero. Não é um trabalho simples, mas uso a criatividade para vencer barreiras”. A inspiração de Nara vem da família e professores ao longo da vida estudantil.

Sua mãe sempre apresentou conhecimento relacionado ao mundo, o que trazia sentido para as coisas e a magia e a animação dela contagiavam bastante. No ensino fundamental e médio contou com professores que ressignificaram sua visão de escola e dos valores que construiu: “Hoje, ainda me recordo do esforço e da colaboração deles no momento do vestibular. Muito cuidado e empenho deles. Sou grata”.

Nara Paixão acredita que sua identidade e postura profissional sempre foi voltada para contribuir e enriquecer mulheres e meninas negras ao meu entorno. Acreditando que como professora de Língua Estrangeira poderia assegurar que atravessar barreiras para ocupar cenários e reforçar que mais pessoas possam trilhar melhores caminhos e a educação continua sendo uma plataforma que permite isso. “Continuo me referindo a uma pedagogia crítica e dessa forma, abraço a ideia de que as mulheres entendam da sua identidade e do seu real potencial. E que por sermos muitas, somos fortes. Ubuntu!”

Meire Diane Santos de Oliveira

Meire Diane Santos de Oliveira. 38 anos, mãe de Anthony Matheus (08) anos de idade. Filha de Joanita Souza Santos, mulher forte, nobre e guerreira. Meire é mestranda na Universidade do Estado da Bahia. Decidiu seguir na profissão precisamente em 1997, ano que iniciou o Magistério, tem formação em Letras e Pedagogia, Psicopedagogia. “A maior inspiração para minha profissão vem das brincadeiras de criança, pois desde pequena a minha brincadeira preferida dentro de casa era ser a professora. Mas também tive duas grandes inspirações, as professoras Edna Coroa e Alícia Duhá”. Meire coordena o projeto social Aprendendo A Aprender. Uma iniciativa idealizada especialmente com o objetivo de implementar ações voltadas para o empoderamento de crianças, jovens e adultos. Atua com formação de professores, Consultoria e Assessoria Psicopedagógica.

“Gosto Falar e/ou abordar sobre temáticas voltadas para Inclusão Social e empoderamento feminino é uma forma de encorajar e incentivar outras mulheres”.

Terezinha de Jesus Amaral

Terezinha de Jesus Amaral, 52 anos, mãe de Jamile e Jordana Amaral, Doutoranda em Educação de Coordenação Pedagógica, atua há 25 anos no magistério superior, decidiu ser professora aos 14 anos, dando aulas para alguns primos. Pedagoga, Professora e Coordenadora na Educação Básica e Professora Universitária. Sua mãe, que é bibliotecária, teológa, professora, e liderança feminina na igreja por mais de 45 anos, sempre foi sua inspiração.

Terezinha é consultora, palestrante, atua no terceiro setor em formação de educadores de escolas públicas, desenvolve projetos nas áreas de educação e cultura para crianças e adolescentes, com apoio de estudantes e moradores da periferia de São Luis.

Maria Stefany Fernandes da Silva

Maria Stefany Fernandes da Silva, 19. Atualmente faz especialização na área de eventos e ciências sociais.  Sempre gostou de trabalhar com pessoas e pra ela ambas as áreas proporcionam de maneira diferente.

A área de eventos permite interação com as pessoas e a área de ciências sociais contribui a entender como agir com as pessoas de acordo com a sua sociedade e costume. Tem como inspiração os pais que sempre apoiaram em todas as escolhas, principalmente quando se trata da vida acadêmica e profissional.

Com sua vivência tenta influenciar mulheres a buscar mais e mostrar que elas podem ser tudo o que desejam, é um desafio para qualquer pessoa, já que são pessoas distintas, com mentes distintas e culturas diversas. Busca debater e perguntar o famoso “por quê?”, deixando o questionamento e fazer com essas mulheres pensem.

Luana Lopes

Luana Lopes, jornalista, produtora audiovisual, 37 anos, solteira e sem filhos. Sua mãe, Almira Lopes, produtora cultural, artesã e ambientalista sempre a inspirou. Luana coordena um projeto, denominado Terra Cura, com o apoio da sua mãe, que tem como principal objetivo reflorestar cerca de sete hectares ás margens do Rio das Garças que é maior afluente do Rio Madeira, na área onde está construído o Teatro de Arena Jerusalém da Amazônia.

“Ser mulher é sempre exercer inúmeras funções, cuidar de casa, dos filhos, trabalhar fora e realizar tantas outras atividades que nós mulheres desempenhamos. Ainda não tenho filhos, mas escolhi conciliar dois amores, que é a comunicação social e o cuidado e trabalho com a Terra, e isso tem inspirado outras pessoas a cuidar e preservar a floresta que é o nosso habitat. E não é só plantando árvores que cuidamos e preservamos, mas, tendo consciência ambiental com relação ao uso dos recursos, as práticas de consumo, o destino dos resíduos, tudo isso deve ser repensado e transformado para que possamos viver com mais qualidade e vida e garantir as futuras gerações uma vida na Terra”.

Raquel Avelino

Raquel Avelino, 41 anos, atriz, atleta, karateca, poetisa, professora, dançarina. Ministra aulas para crianças, adolescentes e adultos. Iniciou sua vida artística aos 07 anos de idade.

Tem como fonte de inspiração diversos artistas nacionais e internacionais, como: Madona, Michel Jackson, Fernanda Montenegro,  Bete Farias, Ney Latorraca. Trabalhar com o público feminino é também a fonte de inspiração de Raquel.

” A força e a união das mulheres pode trazer uma libertação, minha intenção com a arte é resgatar o ser, o ser humano, fazer as pessoas acreditarem nos sonhos, que podem conquistar seus objetivos”.

Beatriz Borges Azevedo de Alcântara

Beatriz Borges Azevedo de Alcântara, 22 anos, estudante de jornalismo, solteira e sem filhos. “O amor pelo jornalismo surgiu há cinco anos atrás por querer contar histórias e a História enquanto ela acontecia”.

Sua inspiração imediata, há anos atrás, foi Pedro Bial e ele segue uma referência, mas ela tem outros nomes como norte, a exemplo de: Graça Araújo, Glória Maria, Maju Coutinho, Cecília Malan e Sandra Annenberg, que são bem mais significativos pela força e representatividade de mulheres como ela no exercício da profissão. Para Beatriz a influência vem muito do exemplo, de mostrar que há capacidade sim em todas as mulheres.

O incentivo e o acreditar em outras mulheres também é fundamental. Onde você se enxerga, onde alguém acredita que você pode chegar, te impulsiona de certa forma a querer estar ali.

Priscila da Conceição Cardoso de Souza

Priscila da Conceição Cardoso de Souza, 31 anos, Atriz e Arte Educadora de Teatro. Ministrou sua primeira oficina de artes aos 16 anos, foi quando teve a certeza que essa seria sua profissão. Tem no professor Geraldo Jorge de Lima, sua inspiração para a escolha que fez.

“Em todas as minhas aulas, tento sempre mostrar o quanto os sonhos são importantes, mesmo com tantas dificuldades, o importante é não perder o foco e não desistir nunca!”

Que cada história contada possa servir de motivação e inspiração para mantermos o foco nos objetivos. Empatia e respeito com as diferenças sejam atitudes frequentes no nosso cotidiano para amenizar qualquer desigualdade, com um objetivo comum numa vivência de harmonia e solidariedade.

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Paulo de Almeida Filho
Jornalista, Especialista em Comunicação Comunitária, Mestre em Gestão da Educação, Tecnologias e Redes Sociais - UNEB - Universidade do Estado da Bahia. Editor da Agência de Notícias das Favelas. Pesquisador do CRDH- Centro de Referência e Desenvolvimento em Humanidades - UNEB - Universidade do Estado da Bahia. Professor de Pós Graduação, em Comunicação e Diversidade, na Escola Baiana de Comunicação. Assessor da REDE MIDICOM- Rede das Mídias Comunitárias de Salvador. Membro do Grupo de Pesquisa TIPEMSE - Tecnologias, Inovação Pedagógicas e Mobilização Social pela Educação. Articulado Comunitário do Coletivo de Comunicação Bairro da Paz News. Membro da Frente Baiana pela Democratização da Comunicação. Integrante do Fórum de Saúde das Periferias da Bahia. Membro da Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito- Núcleo Bahia. Integrante da Rede de Proteção de Jornalistas e Comunicadores Coordenador Social do Conselho de Moradores do Bairro da Paz, EduComunicador e Consultor em Mídias Periféricas.