Diversas pesquisas estudam os papéis exercidos pelas mulheres na sociedade, de acordo com levantamentos do IBGE feito em 2018, as mulheres representavam 51,7% da população brasileira. Outros indicativos sociais também apontam que elas superaram as dificuldades de acesso a educação, e atualmente já é a parte mais escolarizada da população.

Mas, isso não se reflete no âmbito do trabalho, quanto a valorização e a remuneração devida, já que as mulheres recebem cerca de 38% a menos que os homens, em muitos casos exercendo a mesma atividade profissional.

E essas disparidades aprofundam-se ainda mais quando se faz o recorte de classe e raça.

O contexto é de mulheres mães, formalmente empregadas ou exercendo algum tipo de atividade remunerada, precisam se dividir entre ser mulher, mãe e profissional, essas múltiplas funções ainda se depara com as demissões pós licença maternidade, e a dificuldade de recolocação no mercado de trabalho pelo fato de ser mãe.

Estudos também apontam que as mulheres são a maioria na reprodução do cuidado com os filhos, a construção social da mulher direciona e responsabiliza quase que exclusivamente à maternidade e a dedicação aos afazeres domésticos. Poucas são as mulheres que contam com a participação ativa do parceiro na divisão dessas responsabilidades, seja porque socialmente esse papel não é cobrado ao homem, ou pelo reflexo da situação de mulheres e mães solos, que necessitam de uma rede de apoio para conseguir equilibrar as inúmeras demandas.

Essa rede de apoio é idealmente composta por políticas públicas, que promovam condições às mulheres mães de exercer seus diversos papéis na sociedade. No entanto a realidade é muito diferente, são as mulheres que apoiam outras mulheres, em sua maioria pretas e periféricas, mães, avós, irmãs, vizinhas, que auxiliam no cuidado, no “olhar a cria” para que aquela mulher consiga trabalhar ou estudar.

O mínimo de apoio oferecido pelo poder público são através das creches e escolas. Um apoio sem garantia, vale salientar, considerando a dificuldade enfrentada inicialmente para conseguir uma vaga.

Sabendo que as mulheres trabalhadoras contam com o apoio essencial das creches e escolas, para exercer suas funções e diante desse cenário de reabertura gradativa da atividade comercial, planos de convivência com a pandemia, como fica o apoio as mulheres mães, empregadas que precisam voltar ao trabalho sem o auxílio das creches e escolas?

Só através desse único questionamento já fica explícito o quão frágil são os direitos conquistados pelas mulheres. Não demora até perceber estudos que apontam o quantitativo de mulheres mães que perderam seus empregos pós pandemia.

Como afirmou Simone de Beauvoir, “Nunca se esqueça que basta uma crise política, econômica ou religiosa para que os direitos das mulheres sejam questionados. Esses direitos não são permanentes. Você terá que manter-se vigilante durante toda a sua vida.”