A violência contra a mulher ao longo dos tempos tomou dimensões imensuráveis e hoje alguns estudiosos a classificam como problema de saúde pública e violação dos direitos humanos. Só em 2020, 1.398 mulheres foram mortas na Amazônia Legal, segundo dados das Secretarias Estaduais de Segurança da Amazônia Legal.
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 14 milhões de mulheres vivem nesta região que abrange nove estados da Região Norte. Pouco mais da metade delas – 7,5 milhões – vivem em municípios com registro de conflitos.
Em pelo menos 30% dos casos, as vítimas desconhecem a identidade dos agressores. O instituto ouviu 132 mulheres dos estados do Acre, Amazonas, Maranhão, Pará e Roraima.
Os dados revelam que 100 delas já foram vítimas de violência motivadas por disputa pela posse de terra, exploração ilegal de madeira e minérios preciosos ou por causa da expansão do agronegócio. Pelo menos 27 sofreram mais de um tipo de violência e 12 disseram ter sofrido violência de mais de um agressor.
Segundo Norma Miranda Barbosa, socióloga, especialista em gestão de políticas sociais, voltadas para família, criança e adolescente (UFPA), no segundo mandato de ouvidoria geral externa da DPE/PA, as causas da violência contra as mulheres na Amazônia caminham junto com a sua formação.
“A escravidão e o papel de subalternidade deixaram marcas profundas na formação e no caminhar dessa mulher que hoje é vítima de violência, indo do abuso a exploração sexual, trabalho infantil a sua baixa ocupação nos espaços de poder, morte das lideranças femininas”.
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