Em comemoração ao mês da visibilidade lésbica, o Museu da Diversidade Sexual (MDS) abre hoje sua nova sede administrativa com a exposição Quando as lésbicas se levantam: a luta e a resistência sapatão nos anos 80.
A mostra conta, por meio de cartazes, cartas, vinis raros e fotos, a história de um dos movimentos mais importantes da comunidade LGBTQIAP+ e que muitas vezes é invisibilizado nas lutas.
Durante a exposição será projetado em 3D vídeos do Ferro’s Bar, espaço historicamente reconhecido como berço do movimento lésbico brasileiro no começo dos anos 1980.
Era o local onde mulheres lésbicas podiam expressar sua identidade sem medo de julgamentos ou discriminação. Ao longo de quadro décadas, o bar se destacou por acolher e unir mulheres de diferentes origens, idades e trajetórias de vida, tornando-se um ponto emblemático para a comunidade lésbica paulista.
Uma caminhada para marcar presença
No mesmo rolê, acontece o evento Orgulho Lésbico – 40 anos do Levante do Ferro’s Bar, reunindo artesãs, musicistas e poetas. O ponto alto será a apresentação das Sapatrônicas, grupo que promoverá uma caminhada do Ferro’s Bar até a nova sede administrativa do MDS.
“O MDS ocupa a rua como fizeram as figuras históricas do movimento com a intenção de contribuir para os esforços culturais e políticos das comunidades com as quais atua, além de fortalecer economicamente iniciativas empreendedoras desses grupos”, diz afirma a coordenadora de exposições e programação cultural do MDS, Adelaide de Estorvo.
Ainda segundo ela, “é uma oportunidade para a celebração da vida e memória lésbica brasileira, para o trabalho de mediação dessas lembranças e seus apagamentos, junto às novas gerações”.
Quem bolou o evento
A exposição tem curadoria das pesquisadoras, ativistas e historiadoras Rita Cerqueira e Daniela Wainer, e vai mostrar formas de resistência sapatão no Brasil nos anos 80, momento em que a existência lésbica passa a ser entendida de forma política.
“Trabalhamos naquele tênue equilíbrio entre memória e história, registro e esquecimento. Assim como há muitas lacunas, há também alguns registros de resistência que merecem ser lembrados”, afirmam Wainer e Cerqueira.
Com a exposição, elas não pretendem esgotar assunto tão amplo, mas apontar momentos importantes, celebrar a história e, “quem sabe, provocar novas pesquisas, exposições e registros para que, no futuro, possamos ter ainda mais orgulho do nosso passado”.
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