Atento às novidades no Brasil que avança a passos de gigante rumo ao passado, li não sei onde que os terraplanistas, aqueles caras que imaginavam a Terra plana e não redonda e achatada nos polos, acabam de decidir que, a partir de agora, ela não é mais como um “long-playing” no toca-discos que também volta à moda neste dias de saudosismo: a Terra tem o formato da câmara de ar de um pneu, ou de uma rosquinha doce tipo “donut”, já que no passado para onde vamos seremos todos norte-americanos.
Admito que é uma discussão fútil sobre questão definida há tantos séculos nas fogueiras da Inquisição europeia. Porém me encanta no momento, estou enjoado das novidades corriqueiras, das ameaças de prender cem mil de uma vez, de entregar o meio ambiente a uma atriz de novela, de armar a população, de abandonar a ONU, de largar tudo pra lá e que se dane o mundo, nós somos mais e pronto! No livro de memórias “Um Peixe na Água”, o peruano reaça Mario Vargas Llosa diz de um amigo da faculdade, Pablo Macera, que, cansado das grandes teorias de esquerda, direita, existenciais e psicanalíticas, propôs criar um movimento na defesa da ideia da Terra plana. Era uma piada, mas nós a retomamos agora, com o respeitoso respaldo da Flat Earth Society (https://theflatearthsociety.org/home/), organização que apoia sua tese na Teoria da Relatividade de Einstein.
Uma vez atingida a etapa da Terra Rosca, ou “Earth Donut”, resta aguardar o pronunciamento oficial do ministro designado da Ciência e Tecnologia Marcos Pontes. Ninguém melhor para opinar do que um astronauta, embora Paulo Guedes pareça mais lunático com seu olhar de cachorro louco (mad dog). Mas como o assunto está mais para os olhos do que para os pés, melhor deixar para nosso Meteorango Kid cuja maior façanha não foi ter ido ao espaço sideral, mas sim falar bobagens com igual fluência em português e em inglês (in English). Algo no passeio cósmico deve ter afetado seu cérebro, o que não é nenhum desdouro perante outros membros da equipe.
Outro dia Luís Nassif escreveu sobre as brigas intestinas nesta equipe de transição que se engalfinha e esgrima nos bastidores por nacos maiores de poder junto à presidência da república (http://jornalggn.com.br/noticia/xadrez-da-armada-bolsoleone-por-luis-nassif#.W-eCML4cX9y.whatsapp ). Tem desde Olavo de Carvalho até o padre Paulo Ricardo, outro direitaço, e muitos mais, sem esquecer o vice general Mourão, que subiu ao palco ainda na ativa e logo foi reformado por suas declarações políticas descabidas. Na realidade, ele continua descabido, no sentido de que não cabe no esquema em que foi incluído graças à esperteza de um certo Levy Fidélix, presidente do PRTB e autor do convite para sua filiação com possibilidade de lançar-se à aventura maior da cabeça de chapa.
Por um desses azares da sorte, o misto de advogada e entidade Janaína Paschoal declinou da convocação e deixou a vaga aberta para a composição exposta no cenário diante dos nossos olhos esbugalhados. Pessoalmente, gostaria de ver a doutora que se elegeu deputada estadual em São Paulo no papel de vice do capitão. Tem mais “physique-du-rôle” e ainda por cima daria outro charme um presidente machista, misógino e comedor de gente ter uma vice destemperada e histriônica nos seus calcanhares. Isso sim seria mais divertido do que a volta ao mundo rosca doce com o Marcos Ponte e a Maitê na cauda de um cometa que já passou há mais de trinta anos.