Na Europa, indígenas brasileiros denunciam violações contra os povos originários e o Meio Ambiente

Jornada Indígena - brasileiros na Europa denunciam violações e agressões ao Meio Ambiente. Imagem: Adriana Pimentel.

A Jornada Sangue Indígena – Nenhuma Gota a Mais, formada por 10 lideranças representantes de várias tribos brasileiras de regiões de Norte a Sul do Brasil, está desde outubro percorrendo 12 países da Europa para denunciar violações contra os povos originários e o meio ambiente do Brasil. Na agenda dessa campanha, as lideranças vêm dialogando com parlamentares, instituições bancárias, representantes de grandes empresas e a sociedade civil.

Nesta segunda-feira, 18, a jornada chegou a Barcelona. Fazem parte da comitiva Kretã Kaigang, Sônia Guajajara e Elizeu Guarani. Depois de estarem com parlamentares e representantes da prefeitura da cidade, encerraram o dia num grande debate com vários coletivos e a população em geral na Fede.cat (organização pela justiça global de Barcelona). Eles deixaram a mensagem da importância de todos despertarem para a valorização da vida e denunciaram o atual governo de Jair Bolsonaro com o desmantelamento do meio ambiente e o uso de violência contra a resistência contra o fascismo.

A líder Sônia Guajajara comentou que os governos brasileiros não foram perfeitos, mas que com o atual é impossível dialogar. Já o líder Elizeu Guarani denuncia que a liberação de armas e o uso de agrotóxicos nas áreas indígenas têm matado o povo indígena e diz que muitas mães perdem seus filhos ainda no ventre em consequências da toxidade dos defensivos agrícolas. A terceira liderança, o indígena Kretã, alerta que Bolsonaro é bastante perigoso, e conclui que não se trata de uma questão de ser de um partido ou de outro, mas que os indígenas, desde o passado, lutam pela vida do planeta e quem luta pela vida deve estar do lado dos indígenas.

Jornada Indígena – brasileiros na Europa denunciam violações e agressões ao Meio Ambiente. Imagem: Adriana Pimentel.

A comitiva alertou que se as tribos perderem seus territórios e o agronegócios ganharem todas as terras, a vida de todos está em risco, pois não se sabe como estará o mundo e o câmbio climático e suas consequências daqui a 50 anos.

Entre aplausos, a líder Sonia afirmou também que cada um tem que fazer sua parte e lembrou que 80% da comida que chega à mesa de todos no mundo é proveniente da agricultura familiar, e no Brasil não é diferente. Por isso mesmo, o mundo tem que estar atento com o que vem ocorrendo no Brasil.

A jornada já passou por Roma, Cidade do Vaticano, Bolonha, Turin, Berlim, Munique, Estocolmo, Oslo, Amsterdam, Porto, Bruxelas, Genebra, Berna e Paris,

A ação é realizada pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil – APIB em parceria com organizações da sociedade civil para promover medidas que pressionem o governo brasileiro e empresas do agronegócio a cumprirem os acordos de preservação do meio ambiente e respeito aos direitos dos povos indígenas. Em Barcelona, uma das entidades apoiadoras do evento é o coletivo Mulheres Brasileiras contra o Fascismo.