Hoje, a UPP do Complexo do Alemão completa sete anos de existência sem que haja nada para ser comemorado.
Esse projeto já nasceu falido e sem uma certeza de que daria certo. Foi tudo feito pelo discurso de implantação e experimento. O mais drástico de tudo foi o ambiente corrupto, cercado de pessoas envolvidas com todos os tipos de falcatruas, como hoje a grande imprensa mostra todos os dias.
Quando as UPPs foram pensadas, os gestores que estavam no governo já gozavam de todos os tipos de desvios de conduta e de verbas. Já corria à boca pequena informações que iam do aluguel das viaturas ao superfaturamento das bases. As UPPs nasceram nas sombras dos gabinetes, regados à muita farra e guardanapos, como no episódio que já é um dos maiores símbolos da corrupção jamais vista antes neste Estado.
Nada do que foi idealizado para esses sete anos de ocupação militar aqui no Complexo do Alemão incluía o bem-estar dos moradores, muito menos a nossa proteção. Em primeiro lugar, pensou-se nos grandes eventos e em uma forma de acuar os pobres no morro – ou como eles mesmos disseram, criar um “Cinturão de Segurança”. O intuito foi impedir que fizéssemos algum tipo de protesto, o que não aconteceu.
Hoje, já se passaram sete anos desde aquele espetáculo midiático exibido em cadeia nacional pela televisão. O que temos de saldo? Mortes, perdas e um grande número de incertezas com um Teleférico parado e abandonado, Clínica da Família à míngua, obras inacabadas. Tudo que foi prometido nos foi roubado no meio do caminho.
Assim como esse modelo de projeto de segurança foi pensado e criado num ambiente corrupto, o projeto também nasceu corrupto e não atendeu a que veio. As UPPs se tornaram uma máquina de morte, não cumprindo com o objetivo de, como o próprio nome sugeria, “pacificar o território”. Em vez disso, hoje vivemos num ambiente hostil, onde a qualquer momento explodem confrontos desavisados e sem uma lógica. Nada se resolve. O que vemos é um ambiente de guerra – uma guerra aos pobres.
Nada temos a comemorar hoje, ainda mais quando lembramos do pequeno Eduardo, assassinado com um tiro na cabeça pela polícia, ou mesmo do jovem amigo mototaxista Caio e tantos outros que foram mortos de forma covarde no ambiente criado depois da implantação desse projeto, chamado “carinhosamente” por nós aqui de “Unidade de Punir Pobre”.
Não queremos mais nada disso. Mais uma vez e sempre: fora, UPP.