Hoje é o Dia Internacional dos Direitos Humanos, aquele conjunto de garantias jurídicas universais que protegem indivíduos e grupos contra ações ou omissões dos governos que atentem contra a dignidade humana. Isto é, seja defendido ou não, ele é respaldado pela Constituição brasileira vigente. Tem que ser colocado em prática.
Como já dizia George Orwell, em A Revolução dos Bichos: “todos são iguais, mas alguns são mais iguais que os outros”. Só que os diferentes somos nós: nem precisamos esperar os dados para nos dar conta de que essas garantias não existem na favela. Um abuso aqui, uma extorsão ali, a proibição de circular acolá. Não temos uma política urbana que objetive a redução de homicídios, nem chegamos ao fim das investigações com alguma conclusão satisfatória. Enquanto isso, as chacinas se espalham em Manaus, Salvador, São Paulo e as rebeliões também complicam. Quando presos, sofrem com a superlotação e condições degradantes das celas, o que gera rebeliões, torturas e mais homicídios.
A população protesta do jeito que pode, cria organizações e movimentos. A partir dos anos 1970, uma dessas manifestações era o funk, que denunciava a violência e a pobreza nas favelas e veio a se consolidar nos anos 1990. Ainda que marginalizado no início, o funk impulsionou a onda de consciência crítica que o rap tinha começado, não só nas letras como nos concursos para eleger a melhor música.
A batida do Miami bass desabafou, chorou e embalou o sonho de uma vida melhor nas favelas cariocas. Acreditamos que isso até daria um filme! Pois é. Hoje, às 18h, no Cinecarioca Nova Brasília, vamos lançar o documentário da ANF que conta os primeiros anos do funk carioca. Convido todos a refletirem o serviço prestado pelo funk aos Direitos Humanos: a luta pelo direito de ir e vir, da privacidade, da segurança, da vida.
Até porque… Não basta só ser feliz.