Fui criado na Paróquia Nossa Senhora da Aparecida em Nilópolis na Baixada-Fluminense. Levado pela minha avó e madrinha logo cedo participava das novenas e fui destaque na Catequese com muitos convites para a crisma e a vida sacerdotal. Tudo isso me encantava eu estava na casa de Deus promovendo sua palavra. Lá na Igreja conheci a Educafro – Pre-Vestibular para Negros e Carentes. Uma vez ao ano o Frei David promovia a Missa-Afro que nunca perdi.
Na Missa-Afro era com tambores os negros saiam de traz do altar para tomar a frente da Igreja era uma grande festa. Mas, quando eu olhava as imagens dos santos e comecei a estudar a história da humanidade foi duramente surpreendido. Descobri que para levar a palavra de Deus os cristãos católicos e protestantes se faziam valer da escravidão dos povos africanos, que foram sequestrados para servir de base para a sociedade que vivemos até hoje.
Mesmo com a reforma cristã e o fortalecimento do protestantismo a situação dos negros no mundo só piorou. Deixamos o trabalho forçado e seguimos pastores cegamente renegando nossas ancestralidade, por vergonha, por medo, para não ser atacado.
Contudo confesso que o pior de tudo isso, é que dentro de mim rezo para o Deus dos colonizadores e fico com medo dele ser imagem e semelhança dos homens que sub-julgaram meus ancestrais.
Mesmo assim rezo o Pai-Nosso
Mesmo assim acordo e durmo com a dúvida se devo continuar a orar para o Deus dos escravizadores…
Isso dói
e me corta em pedaços
Todos os dias.