André Fernandes*
httpv://www.youtube.com/watch?v=lWQRHnf_Ty4
Dia que a educação parou
Existem muitos setores que são tratados como prioridade em nosso país, que são da preocupação de nossos governantes e legisladores, porém nenhum é mais importante que a educação. É por conta da falta de investimento na educação que ainda estamos atrasados em relação a outros países e foi por causa do investimento nessa área que países tais como Japão e China cresceram tanto e despontam como potências mundiais. Com certeza o ex-presidente Lula percebeu isso e sua sucessora, Dilma Rousseff também, porém parece que alguns políticos ainda não entenderam essa diretriz de crescimento apontada pelo governo federal e insistem em tratar essa questão de forma leviana. Porque utilizo um termo tão forte como esse? Pois os salários dos professores não podem ser tão baixos como tem sido, tendo por exemplo, o estado do Rio de Janeiro.
Esses dias fui visitar um político que mora em Caxias e peguei um trem no horário de seis horas da manhã. Fui conversando com Diego Pinheiro,um jovem de vinte e oito anos, professor de história da rede estadual, que tem uma matrícula, tem que dar aula em dois colégios e ganha R$ 681,43. Esse rapaz mora no bairro da Glória e vai dar aula em Santa Lucia, um bairro no interior do município de Duque de Caxias, para ganhar esse salário, pensei? Ele utiliza um ônibus e dois trens para chegar a seu trabalho, como fica incentivado a ensinar, se aperfeiçoar para continuar ensinando, um professor com esse salário? Isso é que é paixão! Mas não há paixão que resista durante muito tempo com esse salário…
Não sou um crítico daqueles que querem continuar expressando uma opinião contrária mesmo que as coisas mudem, antes pelo contrário, gostaria de dar a mão à palmatória, por ver que a mudança foi possível, a mudança aconteceu. Foi assim com as UPPs, já que fui muito mais crítico do que sou hoje, mesmo assim, não deixo de acompanhar atentamente todas as movimentações da “polícia pacificadora” dentro das favelas do Rio. Já conversei com muitas pessoas que estão felizes, outras nem tanto, algumas sentenciam seu fim pós mega-eventos, outros acham que é um engodo e eu, espero pelo bem de toda população das favelas, que o estado acerte, ouvindo sempre os mais interessados, democraticamente.
Nossa organização, a ANF – Agência de Notícias das Favelas, que tem por objetivo democratizar a informação das favelas, está atenta principalmente quanto a situação da educação em nosso país, e em especial em nosso estado. Existem muitos que não estão nem aí, pois se tornaram políticos profissionais e com isso desonram o cargo para os quais foram eleitos, porém também existem bons políticos e é com esses que nossa sociedade está contando. Por isso, esperamos que haja tempo suficiente, antes do término do mandato do governador Sérgio Cabral e de todos os membros do nosso legislativo estadual, de melhorar as condições para que nossas crianças e jovens tenham uma boa educação e que nosso estado possa dar a melhor contribuição para que nosso país possa crescer ainda mais. Esse com certeza é o maior clamor de nossa população, que precisa ser ouvido e as providências são emergenciais. Quem quiser entrar para história dando a melhor contribuição para nosso país, tem que se preocupar com a educação de nosso povo.
* Jornalista, fundador e diretor da ANF – Agência de Notícias das Favelas