Náutico lança novo uniforme em apoio à campanha contra o racismo

Nilson foi vítima de racismo pela torcida do Náutico e se tornou campeão Pernambucano jogando pelo clube- Foto: ASCOM

O clube de futebol Náutico estreou, nesta sexta-feira, 18, novo uniforme, em jogo contra o o Chapecoense pela Série B. No lugar dos tradicionais vermelho e branco, o preto, simbolizando a luta contra o racismo estrutural. Além de contribuir para a campanha “Vidas Negras Importam”, o time pernambucano tenta reparar uma mancha em seu passado: a última equipe grande de futebol a permitir que negros jogassem pelo time.

“O Náutico tem uma das mais belas histórias do futebol brasileiro. É claro que existem erros e, como não se muda o passado, quem faz o presente pode reconhecê-los. Porque a história continua sendo escrita. Reparar não é possível? Podemos corrigir. O Náutico é alvirrubro, mas também de todas as cores, raças, gêneros e crenças. Que o futebol nos ajude a lutar por um mundo melhor”, comentou Edno Melo, presidente do clube.

No vídeo de lançamento, a camisa é apresentada pelo ex-goleiro Nilson. No começo dos anos 2000, ele foi vítima de racismo por torcedores do alvirrubro enquanto jogava no estádio dos Aflitos pelo rival Santa Cruz. Mais tarde, em 2004, jogando pelo Náutico, se tornou ídolo da torcida após a conquista do campeonato pernambucano daquele ano.

“A camisa achei lindíssima, maravilhosa, espetacular em todos os sentidos. Mas o mais importante de tudo isso é a ação que o Náutico montou. É ver o Náutico abandonando o passado que ele não se orgulha, que é do racismo. Saber que o clube está levantando essa bandeira e dizendo ‘não’ ao racismo me faz ficar muito orgulhoso. Me sinto honrado em ter participado dessa ação. Espero que essa mensagem chegue à nação alvirrubra e a todos em Pernambuco, Brasil e mundo afora. Nós precisamos combater o racismo, pois o racismo mata”, enfatizou Nilson.

O manifesto antirracista do Naútico:

“A gente tem orgulho da nossa história. A tradição, os títulos, os craques, o estádio dos Aflitos e A Mais Fiel do Nordeste são parte fundamental do que é ser Clube Náutico Capibaribe. Mas nem tudo do passado nos orgulha. Ser o último clube do Recife a ter aceito negros vestindo a nossa camisa nos envergonha. Sem esconder ou deixar de falar do assunto, sabemos o quanto esta atitude colaborou com o preconceito e a discriminação.

Não podemos apagar o racismo do nosso passado, e só um pedido de desculpas não é suficiente. O que a gente pode e vai fazer é contribuir cada vez mais no combate ao racismo estrutural, à desigualdade social e à violência contra negros. Pela primeira vez na história, o vermelho e o branco são deixados de lado, por uma causa bem maior: avisar para todo mundo que o Náutico também é preto!”.

 

Leia mais: Botafogo homenageia vítimas da Covid-19 e protesta contra o racismo