E quem não sonhou com a paz de dias melhores para si e os seus? Oportunidade, geração de renda e equidade social, mexeram com a esperança de uma população que encara filas e acorda cedo. Pessoas que desejam que tudo fique bem e que ouvem de muitos que “dias melhores virão”.
O tempo passa, e vejo por aí jovens da periferia negligenciados, que não foram assistidos por políticas sérias de combate ao desemprego, aumento de escolaridade, formação técnica e apoio psicológico. A política de pacificação passou perto de muitos. Impossível dizer que tudo foi em vão, mas, muita coisa não foi corrigida. A população acreditou na paz estampada nos outdoors e vendida para o restante do mundo.
Entretanto, o ex-secretário estadual de segurança pública, José Mariano Beltrame, na época no governo de Sérgio Cabral, enfatizava na instalação das Unidades de Polícia Pacificadora (UPP): “não adianta somente a polícia dentro de um território que esteve por décadas abandonado, precisamos muito mais de políticas sólidas, que ajudem a situá-lo na sociedade e qualificá-lo”.
Algumas UPPs ainda sobrevivem em meio ao caos. Não se pode esquecer, também, que alguns agentes da própria polícia doam seu tempo ajudando em alguns projetos dentro da comunidade. No entanto, o sentimento da população é de que as políticas de desenvolvimento territorial foram aquém do que ainda se precisa.
Para Ingrid Collaço, moradora da Vila Cruzeiro, no Complexo da Penha, Zona Norte do Rio de Janeiro, faltou oportunidade para os jovens se desenvolverem profissionalmente. “É preciso dar a eles uma possibilidade de futuro melhor para evitar que encontrem o caminho errado”, diz.
Já para Letícia Felipe, ex-moradora do Jacarezinho, também na Zona Norte carioca, apesar de existir alguns projetos sociais na comunidade, faltou vontade do poder público em fazer mais pela juventude da periferia. Daniel, morador da Barreira do Vasco, Zona Central do Rio, corrobora com Letícia e fala que faltam projetos voltados para os jovens dentro das favelas.
A pacificação foi o carro chefe para que alguns projetos acontecessem dentro das favelas, porém, todos com prazo de validade. Em meio à crença de que viveríamos tempos de paz, esqueceram de explicar que tudo não passaria de uma grande brincadeira de mal gosto.