Negros e pobres são os que mais morrem de Covid-19, segundo pesquisa

Negros e moradores de favelas estão mais expostas à contaminação de Covid-19 - Foto Climainfo

Segundo dados do levantamento feito pelo Sistema Sivep-Gripe, do OpenDataSUS, o novo coronavírus tem como vítima padrão no Brasil homens jovens, negros e pobres. Os dados coletados foram os de mortes até o dia 30 de junho. De acordo com a pesquisa 53,3% dos, até então 60 mil mortos no país, foram de pessoas pardas, 7,4% de pessoas pretas, 37,20% de pessoas brancas, 0,6% de indígenas e 1,6% de amarelos. As regiões em que mais morreram pessoas pardas foram as Norte e Nordeste com, 82,4% e 77% respectivamente.

Os dados refletem a situação da desigualdade social no Brasil, onde, segundo o IBGE 2019, 13,5 milhões de pessoas vivem na extrema pobreza que atinge, em sua maioria, pessoas pardas e pretas. Pessoas pretas e pardas são maioria também nas favelas e periferias, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), cerca de 66%, em 2007. Segundo dados de 2018 do Ministério do Trabalho e Emprego, negros também são maioria nas vagas de serviços braçais ou que exijam pouco preparo.

Renato Nascimento é uma dessas pessoas negras que moram nas favelas. Morador do Morro do Tuiuti, zona central carioca, admite que a pandemia afetou diretamente seu trabalho. Antes, a maior parte da sua renda vinha da distribuição do jornal “A voz da Favela”, mas com a produção parada, Renato atende clientes para fazer dreadlocks em seus cabelos. “Como o dinheiro diminuiu, não consigo ajudar minha filha que está em Salvador, nem juntar para ir até lá. Isso me deixa muito mal”.

Todo o contexto da desigualdade social e racial faz com que pessoas pardas e pretas estejam mais expostas aos riscos de contaminação do novo coronavírus. Para os moradores de favelas e periferias essa vulnerabilidade social aumenta, pois em muitos locais falta água, saneamento básico e condições necessárias para um isolamento social efetivo. Em muitas casas, por exemplo, não há o abastecimento normal de água, muitas pessoas não possuem dinheiro nem para comprar alimentos para sua sobrevivência, o que dirá para a compra de álcool em gel.