No Brasil, o feminicídio persiste como um problema alarmante. Segundo dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o país tem enfrentado um aumento nos casos de feminicídio nos últimos anos. Em 2023, foram registrados 1.463 casos, o maior número desde a tipificação da lei em 2015. Essa estatística revela uma média de aproximadamente quatro mulheres assassinadas por dia em crimes motivados por questões de gênero.

No Dia Internacional da Mulher, milhares de pessoas tomaram as ruas de Berlim para reivindicar igualdade de direitos e outras pautas relacionadas à luta feminista. Berlim, que se tornou a primeira cidade na Alemanha e na União Europeia a declarar o 8 de março como feriado oficial em 2019, viu sua população unida em prol da causa. Desde o meio-dia, manifestantes portando rosas, cartazes e panfletos se congregaram para celebrar conquistas e denunciar disparidades persistentes.

"Ninguém pergunta ao meu abusador o que ele estava vestindo"

Uma das maiores manifestações do dia congregou mais de 10.000 participantes, registrados sido organizada por sindicatos, coletivos feministas e movimentos políticos progressistas. De acordo com os organizadores, o número de manifestantes superou 20.000 após as 14h30. O protesto transcorreu de maneira pacífica, com apresentações musicais e coreografias, e reuniu pessoas de diversas nacionalidades unidas pela mesma causa: o combate ao feminicídio, ao patriarcado e à violência de gênero, questões que ultrapassam fronteiras.

Um grupo de mulheres latino-americanas atraiu a atenção ao encenar uma performance com uma mulher trajada de noiva, cuja longa cauda trazia nomes de vítimas de violência e feminicídio. A apresentação visava alertar para a urgência do enfrentamento dessas problemáticas. Um dos cartazes exibia a frase: “Ninguém questiona o que meu agressor estava vestindo”, evidenciando a crítica à culpabilização das vítimas.

A marcha, que teve início na Oranienplatz, deixou evidente sua postura inclusiva desde o princípio: “Nossa manifestação acolhe todos os gêneros. Mulheres transgênero são mulheres. Indivíduos que discordam dessa premissa não são bem-vindos. Não há espaço em nosso ato para animosidade contra grupos específicos. Isso engloba, entre outros: racismo, antissemitismo, transfobia e preconceito contra pessoas LGBTQIA+”, declararam os organizadores.

Entre os manifestantes,  Ubertina W. (56) empunhava uma rosa e comemorou a data: “É uma conquista termos esse dia reconhecido como feriado aqui em Berlim. Permanecemos unidas contra o feminicídio e o patriarcado.”

A participação masculina também foi expressiva.  Mike Z. (41) ressaltou: “Considero fundamental estar presente hoje com minha filha e apoiar os direitos das mulheres. Infelizmente, ainda vivemos em uma estrutura patriarcal.”

Panorama do feminicídio no Brasil

Recentemente, casos trágicos como o da adolescente Vitória Regina de Souza, de 17 anos, assasinada reacendem o debate sobre a violência e falta de segurança no qual as mulheres estao expostas no país. Esses casos evidenciam a urgência de medidas efetivas para combater o ódio e a violência direcionados às mulheres.

As manifestações ao redor do mundo, como a ocorrida em Berlim, reforçam a necessidade premente de políticas públicas eficazes e da conscientização da sociedade para enfrentar essa realidade devastadora. É imperativo que governos, instituições e a sociedade civil unam esforços para prevenir a violência de gênero e proteger as mulheres em todas as esferas da vida.