Na ultima quarta-feira, dia 14 de Dezembro, dezenas de lideranças comunitárias se reuniram na sede da Federação das Associações de Moradores de Niterói (FAMNIT), que fica localizada na Rua Dr. Mario Mário Vianna, Bairro de Santa Rosa – Niterói.

A reunião foi convocada pelo Presidente da Instituição representativa, Manuel Amâncio, 67, depois de receber inúmeras reclamações dos líderes comunitários que informaram sobre a crescente truculência policial nas operações nas comunidades da cidade.

Manuel Amâncio, 67. Presidente da FAMNIT

Amâncio, informou que já tentou se reunir com o Comandante do 12° BPM tenente-coronel Aristheu de Góes, que atende as cidades de Niterói e Maricá por 4 (quatro) vezes, sem sucesso. Em sua análise, as ações da polícia só alcançarão seus objetivos de forma prática ao se inserir as comunidades como solução e não problema.

“O nosso sonho é que haja uma segurança pública de qualidade, que preserve a vida dos polícias, dos suspeitos e acima de tudo dos moradores”, diz o Presidente da Federação, que continua: “… a questão é que eles entram na comunidade priorizando a guerra e não o diálogo. Primeiro tiram a vida e depois buscam saber quem é a vítima que está no chão. Ele lembrou ainda que antes desse período, somente no comando do Coronel Salema que se autodefinia como ‘Rambo’, que a cidade passou por um momento tão crítico.

Tchetcheco, 29 anos, representante da  Associação de Moradores da comunidade Sítio de Ferro, na zona leste de Niterói, no Bairro do Badu, diz que é comum que a polícia entre atirando na sua comunidade e só depois procuram saber quem atingiu. ” Nesta semana morreram 3 (três) pessoas na nossa comunidade e nenhum deles eram ligados com o tráfico”, alega o líder comunitário.

Tchetcheco, 29, líder da comunidade Sítio de Ferro.

“Ação com inteligência e investimento em cultura, educação e oportunidade para que os jovens não se envolvam com o tráfico é a melhor forma de se combater a violência nas periferias” afirma, Tchetcheco, citando o nome de muitos artistas e desportistas que hoje fazem sucesso nacional e internacional e que vieram da favela. Ele que também é árbitro esportivo e apresentador de eventos culturais, cita Vinícius Jr, Neymar, o cantor Poze, Ludmila, Anitta e tantos outros que tiveram oportunidade e hoje são exemplo para tantos jovens.

“Que nossos governantes vejam a comunidade como parte da sociedade, como pessoas que ganham a vida dignamente e não como marginais”, termina Tchetcheco.

Outro líder comunitário, Wanderson José de Souza, 46 anos , conhecido como Dinho, que já foi presidente da Associação de moradores do Morro do Cavalão, localizado entre os Bairro de Icaraí e São Francisco, na zona sul de Niterói e hoje, presidente da União de Niterói, grupo que organiza o ‘Baile das antigas’ da cidade, reclama dos abusos cometidos pelos PMs em sua comunidade.

“A truculência e o abuso deles é tanto, que no último fim de semana eles atropelaram e mataram meu cachorro com o ‘Caveirão’, como é chamado o carro blindado que a polícia usa normalmente em áreas de maior conflito no Estado do RJ”, denuncia Dinho. Que reclama ainda do comando da Polícia Militar que se recusam ao diálogo e por isso, não respeita a agenda anual do “baile das antigas”.

Dinho, 46 anos, Presidente do Movimento “Baile das Antigas”.

“Fizemos um evento que reuniu mais de 10 (dez) mil pessoas no Caminho Niemeyer em 2019 e conseguimos recolher mais de 7 (sete) mil toneladas e meia de alimentos que serviram de sustento para as famílias no combate ao Coronavírus, quando aconteceu a pandemia em 2020”, diz orgulhoso a liderança comunitária. Eles desconsideram que existe uma lei municipal em Niterói que torna o “baile das antigas” patrimônio cultural na cidade”, encerra Dinho.

Anderson Pipico, 51 anos, que já foi presidente da Federação das Associações de Moradores do Estado do Rio de Janeiro (FAMERJ), presidente Conselhos de Representante da FAMNIT(C.R), do Conselho Nacional das Associações de Moradores (CONAN) e que agora desempenha importante papel de liderança política na cidade, também esteve presente na reunião. Ele defendeu que existe a necessidade de se ter um projeto político efetivo para que das comunidades possam se gerir condições e oportunidades.

“Eu acredito que a política de confronto não é a solução para enfrentar o problema da segurança pública nas periferias”, defende Pipico.

Anderson Pipico, 51 anos, liderança política.

Como encaminhamento, o coletivo decidiu convocar uma audiência pública, com a presença do Ministério Público, delegados, o comandante da PM, presidente da Comissão de segurança pública da Câmara de Vereadores e representantes do Conselho de Segurança da Cidade para se conter as arbitrariedades.

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