Nosso dia

Créditos: reprodução da internet

Que domingo especial! E você se engana se pensa que é por causa do ENEM ou do horário de verão que começa hoje. Na verdade, é o momento de comemorar o dia da favela. Sim, a comemoração existe e é hoje, 4 de novembro. Este dia específico foi escolhido porque marca a primeira vez que o termo “favela” foi usado, para nomear uma ocupação popular no morro da Providência, no Rio de Janeiro.

E a história já começa com um roteiro de luta, pois as pessoas que fundaram essa comunidade eram soldados da Guerra de Canudos, que foram deixados de lado pelo governo após o conflito, sem ter onde morar. Por volta de 1897, instalaram-se então num morro chamado Favela, que tinha esse nome por causa de uma planta comum na área e homônima. E o movimento de ocupação dessas áreas de aparente pouco valor não parou mais. A resistência sempre foi uma característica.

Então, nada mais justo que dar visibilidade e um dia especial para lembrar as nossas comunidades, que crescem abandonadas pelo poder público, com a população jogada à própria sorte, principalmente em relação à violência. Bom, enquanto os governantes expulsam os mais pobres das áreas centrais e nobres das nossas metrópoles, nosso povo, a mão de obra e força de trabalho essencial para o progresso, resiste dia após dia, e ainda exala alegria e cultura.

Afinal, todo o país dança ao som dos nossos funks, passinhos e sambas, as artes mais brasileiras possíveis. A identidade nacional precisa das favelas. A massa vive aqui. Os ídolos nacionais, como jogadores de futebol, começam suas carreiras nos nossos campos de areia. Em cidades como o Rio, mais de 20% da população urbana está nas mais de 700 comunidades com que contamos. É muita gente querendo e precisando ser ouvida, mostrar que é muito mais do que os estereótipos que se formaram em torno da nossa imagem.

Ah, coitado de quem se engana e compra o discurso enganoso da mídia que insiste em difamar a imagem da periferia como um local hostil e repulsivo. Nossas favelas, ao contrário, estando em morros ou não, são os locais onde nossa população brasileira, batalhadora e sofrida, pode sorrir e encontrar suas raízes. Só quem já esteve em uma favela pode saber o quanto ela pulsa e resiste, enfrentando todos os obstáculos.