O povo está na rua. Isto é um bom sinal. Os absurdos que acontecem nas favelas hoje são históricos. Foi exatamente daqui do Jacarezinho que partiram as denúncias mais profundas contra os maus policiais. Aqui sempre foi palco de abusos e atrocidades. Aqui também saíram presos e algemados 13 policiais lotados no antigo DPO. Uma cena inusitada. O que aconteceu na favela da Maré para os moradores do Jacarezinho não contém novidades. No Jacaré morreram crianças, adolescentes, jovens, senhores e senhoras. Se somarmos todas as vítimas, com certeza ultrapassa uma centena, sem exagero.
Esta favela sempre esteve organizada. Digo isto porque nesta quarta feira dia 26 de junho apareceu no Jaca, um grupo de pessoas anônimas e outras representando algumas instituições. Nos discursos destas, sempre colocaram o verbo acordar. Como se estivéssemos adormecidos. Muitos jovens compondo este grupo, talvez fosse esse o motivo para ignorar a história de luta da brava favela do Jacarezinho. Rocinha não existia quando os primeiros tambores rufaram no Quilombo Jacaré. Eram mais de trinta terreiros. Dentro deles descendentes de várias tribos africanas iorubás, gêges entre outras. Líderes como Santinho, Irineu Guimarães, Gilvan, Cristina, etc, militaram neste quilombo em busca de cidadania que nunca tivemos. Jacarezinho foi chamada de Moscouzinho das Favelas. Aqui era um aparelho que os insubordinados militares da ditadura queriam destruir. Aqui nasceram as Associações de Moradores, a FAFERJ e a maior resistência favelada da história deste país. Demos mais um exemplo de resistência a menos de dois meses atrás quando assassinaram o jovem Alielsen. Portanto, essas pessoas que estão pensando que estávamos adormecidos, não conhecem a nossa história.
Com certeza, atras daquele grupo não tem povo. Prova disto que há pouquíssimo tempo convocaram uma manifestação na frente da Secretaria de Segurança. Não havia quase ninguém no dia e horário marcado.
Estamos dando mais um salto de qualidade, pois estamos fundando o primeiro Núcleo de Defesa dos Direitos Humanos dentro de favela. Isto é inédito, pois não confiamos nas Corregedorias de polícias e nem de perícia composta de policiais. Isto porque não existe no Brasil instituição mais maculada que esta.
A diferença nossa para eles é que em outubro passado, convocamos o povo para eleição direta e democrática no Jacarezinho, resultado, compareceram mais de duas mil pessoas e a minha chapa saiu vitoriosa.
Vamos convidá-los para que possam aprender conosco a fórmula do convencimento. Nesta, está contido: pouco blá-blá-blá, muita transparência e nada de oportunismo.
Obviamente, entre eles tem muita gente boa e que oxalá não se contaminem.
Rumba Gabriel