Vinte e seis anos depois da reforma financeira que instituiu o real no Brasil, o primeiro sinal palpável da perda de poder aquisitivo da moeda foi dado ontem, 29, com a autorização pelo Conselho Monetário Nacional de criação da nota de 200 reais. De acordo com o Banco Central, serão impressas cerca de 450 milhões de cédulas até o fim do ano, com início de circulação previsto já para o fim de agosto.
Desde 1994, quando o real se tornou a moeda do país, só uma alteração no padrão monetário foi adotada, na extinção das cédulas de R$1, a partir de 2005. Naquela época, em sites de leilão na internet, mesmo usada e gasta, a nota de R$ 1 chegou a ser arrematada por até R$ 20. As mais raras, com menor tiragem e classificadas pelos especialistas como “flor de estampa”, chegaram a valer R$ 100 para colecionadores.
Em 1994, com uma nota de R$ 1 comprava-se 1 quilo frango ou 10 pãezinhos. A propaganda da carne de frango foi tão grande que o consumo anual subiu de 14 kg por pessoa, em 1994, para 40 kg, em 2008, segundo a União Brasileira de Avicultura.
Padrões monetários estáveis não adotam a emissão de cédulas de valor mais alto por diversos motivos técnico-financeiros, mas também pelo motivo psicológico de sinalizar para a população e para o mercado financeiro internacional a perda do valor de compra da moeda, ou sua desvalorização. Em julho de 1994, quando começou a circular, um real equivalia a 0,86 dólar, ou seja, valia mais que a moeda norte-americana, ainda de pelo câmbio artificial estabelecido pelo governo. Hoje, o dólar vale mais de cinco reais.
Para entender o impacto da nota de 200, uma mala de dinheiro com a nota mais alta em circulação hoje será reduzida à metade do tamanho nas imagens de dinheiro da corrupção aprendido.
Seguindo o perfil de valorização da natureza, por meio da representatividade animal, a nova nota trará a imagem do lobo-guará, nativo do cerrado.