Nova música de Bala N’agulha fala com os eleitores brasileiros

Entrevistamos Rodrigo Pinho, cantor do grupo Bala N’agulha que veio provocar em pleno debate eleitoral com o lançamento da música “Quem é essa gente?”

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Somos brasileiros, verdadeiros de coração
Dependemos de nós para a próxima eleição
Nós somos brasileiros, temos que nos ajudar
Usando a inteligência na hora de votar
O voto consciente é a grande arma
É hora de mudar e nos livrarmos desse trauma
Que é ter sempre um ladrão, na nossa presidência
Por isso bala diz, vote com consciência

ANF: Vocês acabaram de lançar a primeira música do seu novo álbum, “Quem é essa gente?” com conteúdo bastante crítico ao sistema político. Essa música foi pensada desde o início para interagir com a campanha eleitoral?
Rodrigo Pinho: Na verdade, essa música foi composta no final da década de 1990, por Fábio Gordo, fundador da banda. Na época, ela se referia aos escândalos do governo Fernando Henrique Cardoso, mas achamos o conteúdo dela muito atual e resolvemos resgatá-la nesse álbum. No entanto, o nosso plano não era lançar o disco logo com ela. Tínhamos escolhido outra música para isso. Foi apenas depois de gravar, e ouvindo ela de novo, que a gente achou que o momento era esse. Invertemos a lógica e para fazer dela um “hit de eleição”.

ANF: Apesar de falar de política, a música não tem discurso partidário. Qual é o olhar que vocês têm sobre a disputa eleitoral?
Rodrigo Pinho: A música denuncia não só a corrupção que aconteceu em todos os governos, mas também o próprio debate político que muitas vezes se limita a criticar o outro. Ouvimos muitos ataques desnecessários e poucas propostas. Não se vê nenhuma autocritica nem empatia de nenhum dos dois lados. Estamos hoje enfrentando uma ameaça fascista muito assustadora. Mas também, a esquerda esteve 14 anos no poder e não fez nada que freasse isso. E muita gente acaba votando num candidato simplesmente por estar desacreditado pelo outro lado. É fato que muitos de nós se decepcionaram com a esquerda mas é preciso ter discernimento.

 

ANF: Qual é então a mensagem que você quer passar para o eleitor?
Rodrigo Pinho: O objetivo da música é causar uma reflexão, incentivar a busca de informações e o questionamento dos candidatos. A letra é uma fala direta para os políticos que estão no poder, mas o clipe é mais dirigido ao eleitor que se contenta com o debate entorno à corrupção e não apresenta nenhuma proposta. Ou então quer derrubar um candidato fascista mas não exige nenhum projeto político contra ele. Se o sistema todo está corrompido, qual é o candidato que está propondo uma reforma política hoje?
Aí vem a questão do eleitor que não tem posicionamento. Entendo e respeito o voto nulo como uma maneira de se manifestar. Mas ele é arriscado. Sabemos que Dória e Crivella, por exemplo, foram eleitos pelos votos nulos e brancos. Por isso, estamos aqui alertando. Não dá para deixar passar o fascismo. Não dá para ter mais um governo que queira menos saúde, menos educação, menos cultura. Não dá para dizer que “não interessa” quando um candidato se declara a favor da tortura.

ANF: Voltando à banda. Qual é o cronograma de lançamento do novo álbum?
Rodrigo Pinho: Na verdade, o álbum estaria pronto para ser lançado, mas estamos seguindo os moldes modernos de divulgação em vez de apostar na venda de um disco fechado – que hoje em dia não funciona mais. “Quem é essa gente?” foi o primeiro single. Pretendemos soltar mais um ou dois nas plataformas online daqui a dezembro, seguindo nesse ritmo no ano que vem, até disponibilizar as doze músicas que foram gravadas.