Por Patrick Granja / A Nova Democracia
Na tarde de ontem, dia 18 de janeiro, indígenas da Aldeia Maracanã, na zona norte do Rio de Janeiro, receberam uma ordem de despejo estipulando um prazo de dez dias para deixarem o local. No sábado, dia 12, PMs da Tropa de Choque já haviam cercado o prédio para o cumprimento de uma ordem de reintegração de posse. Entretanto, depois de doze horas de cerco, os policiais se retiraram do local, já que requisitos básicos para ações de despejo não teriam sido cumpridos pelo Estado. Na ocasião, a equipe de AND esteve no local e conversou com o cacique da Aldeia Maracanã, Carlos Tukano.
Segundo o gerenciamento Cabral, o prédio seria um empecilho à mobilidade urbana no local, e teria que ser demolido como parte das obras de reforma do estádio Maracanã para a Copa do Mundo de 2014. Em 1953, no mesmo imóvel, o antropólogo Darcy Ribeiro criou o primeiro Museu do Índio da América Latina. O espaço é Patrimônio Público Indígena desde 1865 e foi onde, em 1910, Marechal Rondon inaugurou o antigo Serviço de Proteção ao Índio, atual FUNAI. O prédio estava abandonado desde 1978, mas há sete anos, indigenas de diversas etinias ocuparam o local e criaram a Aldeia Maracanã, em defesa da preservação da cultura e da memória dos povos ancestrais. No dia em que a PM cercou a Aldeia, o antropólogo Mercio Gomes esteve no local e contou um pouco da história do prédio do antigo Museu do Índio, hoje entregue ao abandono do Estado. Mercio foi o primeiro antropólogo a conceber e escrever sobre a sobrevivência dos povos indígenas no Brasil.
Apesar de todas as ameaças, os índios da Aldeia Maracanã prometem resistir pacificamente a uma nova ação do Estado reacionário. Todos os dias, dezenas de pessoas chegam ao local para somar à luta dos indígenas. Muito bem organizado, o movimento de resistência tem o trabalho coletivo como seu principal aliado. Estudantes, trabalhadores, e muitos outros lutadores do povo encontram-se acampados no local em defesa da justa luta dos índios da Aldeia Maracanã. No dia 15 de janeiro, estudantes da UERJ participaram de um ato em defesa da Aldeia Maracanã organizado pelo Movimento Estudantil Popular Revolucionário.