No dia 28 dezembro de 1981, começaram a ser construídas as primeiras casas e serem ocupadas pelas famílias e permaneceram por 10 dias. Foi criaram uma comissão com 12 pessoas, com objetivo de reivindicar o direito de posse para todos os ocupantes daquela área, e escolheram o Sr. Joarez Luiz da Silva, como presidente da Associação de Posseiro.

Iniciou por um grande número de famílias de Rosa da Penha, em Campo Grande e bairros vizinhos, que pagavam aluguel. Essas famílias reuniam-se em uma grande assembléia, com mais de cinco mil pessoas. Eles discutiam a falta de um teto. Então, havendo uma área de aproximadamente três alqueires de terra em matagal que fazia divisa com o próprio bairro, neste local aconteciam muitos crimes que deixavam as famílias indignadas. Assim, a população resolveu ocupar a área onde hoje é o bairro Morado de Campo Grande.

Em 1982 começou a construção das primeiras moradias que deram origem ao Bairro Nova Rosa da Penha [I e II] (conhecido na época por Itanhenga). A história desse bairro cariaciquense está fortemente vinculada às lutas de milhares pessoas, que vindas para a Grande Vitória em busca de oportunidade de vida, tiveram que lutar pelo acesso à terra urbana e pela melhoria das suas condições de vida.

Não tendo acesso aos benefícios do crescimento econômico da época (anos 70 e 80) e excluídos das políticas públicas (habitacional, educacional, transporte e saúde) tiveram que se organizar, constituindo-se durante muitos anos nos grandes inimigos da cidade,pois qualificados como “invasores”, essas pessoas ousaram contestar o direito de propriedade, que aprisionava às terras abandonadas aos interesses de especulação imobiliária, negando-os o acesso a terra urbana e submetendo-os aos altos preços dos aluguéis num contexto de crise econômica, marcada pelo desemprego e inflação.

Nova Rosa Penha(I e II) é um bairro fruto do esforço e da garra de seus moradores, que após terem suas às casas destruídas depois de uma tentativa de ocupação(1981-1982) de terreno abandonado, na região do bairro Rosa da Penha, em Cariacica, insistiram com bravura e resistência na luta por um lugar para morar.

Com apoios de setores da Igreja, de políticos e a solidariedade da sociedade resistiam no
acampamento, esperando uma sinalização do governo estadual. Após sucessivas
negociações políticas conquistaram a desapropriação da antiga fazenda Itanhenga, pelo
governador Eurico Rezende.

Antes de iniciarem ocupação da área destinada pelo governo estadual às famílias desalojadas foram abrigadas num terreno, próximo a Cariacica-Sede, no Instituto Espírito Santense Bem-Estar Menor – IESBEM, de onde se dirigiam a pé até
a fazenda para ajudarem no processo construção do bairro e na distribuição de lotes.


Apesar das grandes dificuldades e conflitos que envolveram à organização e gestão do
loteamento, além das levas de milhares pessoas em busca de moradia que não estavam
cadastradas, é preciso esclarecer claro que o bairro Nova Rosa da Penha não é invasão, como acredita o senso comum, às doações de terra foi realizada através da lei Nº 3.493,c15 de outubro de 1982, que criou o loteamento e deu a posse aos moradores, que hoje vem sendo regularizado pelo governo Paulo Hartung.


Mas, nem tudo foi maravilha! Lutando contra às intempéries da vida, o desemprego, a carestia, violência e etc, esses moradores através de sucessivas lutas e articulações políticas conquistaram cada escola, cada pedaço de asfalto, com suas próprias mãos derrubaram arvores e construíram casas e ruas. Quem não se lembra da figura aguerrida de Dona Elza, de Seu Militão, de Dona Maria da Comissão, de Seu Juarez ou dos
inúmeros padres, freiras, pastores e líderes comunitários que marcaram a história política
localidade Uma das lutas mais importantes foram aquelas pela regularização do transporte coletivo e posto de saúde, que levaram a sucessivos fechamentos da Rodovia do Contorno, principal rodovia que liga a Br 101 Norte(Vitória-Bahia) a Br 101 Sul(Vitória-Rio de Janeiro), por onde passa boa parte da riqueza do Brasil e o estado.


O povo de Nova Rosa da Penha pode se orgulhar, pois nada veio de graça, nenhuma dessas melhorias que hoje fazem muitos de seus moradores se orgulhar caiu simplesmente
do céu, elas foram resultado de lutas e reivindicações. Os jornais mais preocupados em
mostrar às coisas negativas do bairro, negligenciam que elas podem, também, acontecer
em qualquer lugar da Grande Vitória, se esquecem de falar dessas memórias.