A cidade vai ter que se abrir para novas ideias. Vencer preconceitos arraigados será tarefa dos movimentos e dos indivíduos. O grau de opressão que o enfrentamento armado ao comércio de drogas ilícitas causa em tantas comunidades tem que ser questionado e combatido.
Os movimentos por direitos cresce nas favelas. O enfrentamento está sendo feito por uma corajosa juventude favelada. Inovadora, bravia e de emocionante retórica.
Mas é assustador o quadro atual, e também insustentável. Parece que, antes de melhorar, ainda vai ter que piorar. Acredito que só a pedagogia do fundo do poço pode ser capaz de fazer uma multidão alterar seus paradigmas tão sedimentados.
É preciso fomentar um amplo e capilarizado debate sobre um mercado legal para as drogas. Como faremos isso? Que leis irão regular isso? Quem produz? Quem comercia? Como isso impacta o sistema prisional? Que impacto isso terá na violência urbana?
Este debate tem que ganhar as ruas, as redes, as famílias, as corporações, as igrejas, os segmentos profissionais, as universidades e meios de comunicação. Este debate tem ser travado também no coração da República.
As décadas se passaram. A metodologia do enfrentamento deu errado. Foi contraproducente. Causou muitos impactos negativos. Muita morte. Muito sangue derramado. Pra nada. A guerra é diária, insuportável, empilhando cadáveres, delirante apartheid.
É hora de tentar novos caminhos. Vamos falar sobre isso com mamãe, com o taxista, com o pastor, com os amigos, com desconhecidos. As mudanças profundas, que parecem impossíveis em certos contextos, tem que apostar nesta estratégia viral.
Partiu novos rumos