O lugar que foi construído como símbolo de transformação na vida de moradores da região de Manguinhos, localizado na Av. Dom Helder Câmara, zona norte do Rio, e hoje se encontra fragilizado e abandonado.
Com as obras do Pac (Programa de Aceleração do Crescimento), foi entregue aos moradores um combo de saúde, educação, cultura e mobilidade: a UPA 24 horas de Manguinhos, a Clínica da Família, a Biblioteca Parque, o Colégio Estadual Luís Carlos da Vila, o CRJ, O posto SINE, a elevação da linha do trem da estação da comunidade e posteriormente o conjunto habitacional. No dia da inauguração, era possível ver a esperança estampada nos olhos de quem estava ali presente. Era um momento em que muitas pessoas, depois de anos de descaso do Governo, finalmente viam suas necessidades atendidas. Várias oportunidades empregatícias foram geradas, a cultura finalmente ia sendo disseminada entre eles e ao mesmo tempo muitos movimentos de dança e rap iam se agrupando e crescendo. Muitos tiveram seu primeiro contato com a internet e com os livros através do espaço da Biblioteca Parque que tem uma sala de teatro que eventualmente era usada como cinema para a comunidade, sala infantil e inúmeros projetos culturais que eram fomentados. Os atendimentos na UPA eram eficazes e em qualquer hora do dia o paciente encontraria médicos suficientes a sua disposição. O Colégio Estadual era equipado com computadores e projetores, ar condicionado, água regular, quadra para esportes e uma bela piscina, que não só serviria para quem estudasse lá, mas também para quem fosse da região de Manguinhos. Mas não demorou muito para que o sonho corresse ladeira abaixo. O lugar que ficou conhecido como “PAC”, parou de receber manutenção governamental. Hoje, a situação do espaço é lastimável. Já na entrada do “PAC” somos recebidos por muito lixo. Isso somado ao mato alto e a água suja escorrendo pelo chão cimentado. Foram construídos lotes que seriam sorteados e que seria destinado para o comercio, mas que nunca foi de fato repassado aos favelados. No Colégio Estadual a coisa começou a se agravar e logo muitos equipamentos foram roubados. Do lado de fora, nota-se muitas janelas de salas de aula quebradas. A piscina também parou de receber reparos, foi desativada e atualmente é um deposito para água parada, lixo e focos de mosquitos. A lateral do colégio foi depredada e agora serve de abrigo para usuários de drogas e moradores de rua. Apesar do funcionamento precário, o Centro de Referência da Juventude não oferece a metade das atividades que estava destinado a oferecer e a juventude de Manguinhos está totalmente abandonada. A Casa da Mulher que antes servia como núcleo de acolhimento à mulher favelada foi destruída e depredada. “O sentimento de nós moradores é que fomos escolhidos para sermos uma vitrine eleitoral”, relatou um morador da área.
*Matéria do Jornal A Voz da Favela edição Julho de 2019.