Nessa semana, boa parte das universidades públicas que estão instaladas no município do Rio de Janeiro iniciaram as aulas. Assim como muitos, também tive acesso a esse espaço, após muitas lutas para entrar, permanecer e continuar ainda hoje no meio acadêmico. No corrente ano ingressei na turma do doutorado que, para minha surpresa, conta com um contingente significativo de estudantes negras.
Ao circular pela universidade tenho me sentido feliz, pois consigo me reconhecer na outra mulher negra, no jovem e homem negro, sim, estamos ali e incomodamos. Obviamente que nosso objetivo é estudar, mas como vivemos num país extremamente racista, causamos incômodo pelo simples fato de existirmos.
Que xs racistas se incomodem e saibam que chegamos para ocupar todos os espaços que foram construídos por nossos ancestrais e, muito em breve, também estaremos na direção destes lugares. Sim, queremos enegrecer tudo, tudo mesmo. Ainda que tardiamente, mas estamos e permaneceremos na graduação, na pós-graduação até chegarmos na reitoria. Isso mesmo, queremos poder, queremos tomar decisões, para que logo menos o corpo negro na universidade não seja motivo de surpresa e sim um fato normal, assim como o é para xs brancxs.
E que esse breve diálogo sirva de incentivo à todas e todos que ainda não tiveram acesso ao mundo acadêmico. Procure em seu bairro, sempre existe um pré-vestibular comunitário, se inscreva, estude e se desafie. Nós podemos alcançar mais essa vitória, se junte a um coletivo, tome forças e vamos em frente. Porque a universidade tem que se pintar de povo, tem que ter negras, negros, indígenas.