Baseando em fatos reais.
Meu filho me ensina a ser um pai presente, um ser humano melhor, me inspira a sermos amigos.
Rosivaldo de Oliveira Santos, 48 anos, nascido em Jequié- Bahia, exerce a profissão de Barbeiro há 28 anos, pai de 5 filhos (com idades entre 11 a 27 anos), 3 netos, é morador do Bairro da Paz há mais de 30 anos, onde é popularmente conhecido como “Rosi”, amante de esporte, gosta de ciclismo, surf, skate, atletismo, corre 10 km 3 vezes na semana.
Sua comida preferida é o tradicional feijão com arroz, acompanhado de verduras e frango. Tem como hobby a leitura e ouvir música (Reggae), os artistas que admira são Bob Marley, Gregory Isaacs, Gilberto Gil, Cidade Negra, Edson Gomes. Rosi foi vocal numa banda de reggae no bairro, a “Back stillus”, durante alguns anos.
Frequentou a escola formal apenas por 8 meses na adolescência por isso não foi alfabetizado, é autodidata, aprendeu a ler e escrever em contato com jornais, revistas, livros, se considera um leitor compulsivo, acompanha o noticiário diário, gosta de saber sobre esporte, saúde, música, lazer.
Aos 14 anos experimentou um baseado de maconha, nunca tinha se quer ingerido bebida alcoólica, o que provocou tal impulso foi a morte da mãe e para camuflar a saudade da sua matriarca fez uso de várias drogas, de cola de sapateiro, cocaína, chás alucinógenos até o crack e por quase 3 décadas Rose dividiu sua rotina entre o trabalho e as experiências com as drogas, que lhe trouxeram muitas complicações nas relações com pessoas, pois é sabido o julgamento da sociedade para com os usuários de entorpecentes.
Morou na rua por 2 anos, dormiu na feira livre, casa de amigos e se mudou para Salvador na década de 80 a convite de um amigo para tentar um trabalho, escondia das pessoas a relação conturbada que tinha com a família que deixou no interior e assim durou muito tempo, até um reencontro que aconteceu anos atrás quando voltou na sua cidade natal.
Presenciou amigos em crise de overdose, alguns morreram, e com outros conseguiu aconselhar, inspirar e ajudar a superar o vício das drogas, usando sua vida como base para mostrar que é possível mudar de vida. Se precisar fazer palestra para falar das experiências que eu tive eu faço com as drogas, farei isso com muito prazer, quanto mais pessoas eu puder dizer pra não usar drogas, direi.
Rosi diz sem pestanejar que foi viciado, uma pessoa doente, mas entendeu que não precisava das drogas pra viver. As alucinações, as tentativas de fuga da realidade estavam levando-o pro fundo do poço, perdeu muito tempo na vida entre goles, tragadas e cheiradas, “minha vida era um faz de conta”. Reaprendi a viver na real.
Hoje vivo bem comigo, no emocional, espiritual e meu primogênito (Max) foi a inspiração e motivação pra que essa mudança acontecesse. Sempre conversei sobre drogas com meu filho e cada vez que ele crescia percebia a minha condição de viciado, então precisava parar de hipocrisia e provar que minha prática era um reflexo do meu discurso, pois não poderia orientar sem fazer com que eu pudesse ser o exemplo.
Em breve meu filho será um profissional da área de saúde, está em fase de conclusão do curso de enfermagem, “sem modéstia me orgulho muito de presenciar todo crescimento dele como homem”. Com a nova vida posso aproveitar mais as oportunidades com ele e com minha família, esse é o legado que quero deixar todos meu filhos, amigos e as pessoas que estão vivendo algo semelhante ao que vivenciei.
Não tenho religião, mas me considero um ser humano de fé, acredito no divino, no Deus poderoso. Me arrependo de ter experimentado as drogas, mas me orgulho em estar vencendo o vício dia a dia, sem remédios. Com minha força de vontade, inspiração no meu filho, com apoio de amigos e familiares estou limpo há 4 anos.
Agradeço ao meu filho e amigo Max.