A ONU – Organização das Nações Unidas, instituiu o ano de 2011, como o Ano Internacional dos Afro – Descendentes. A Diáspora africana em muito contribuiu para o desenvolvimento de inúmeras nações. Mas o seu legado foi sempre a miséria, pobreza, discriminação e racismo.
No Brasil, país que recebeu o maior número de escravos no mundo, isto, “graças” aos portugueses, a contribuição do negro foi ainda maior: Na cultura, no esporte, e em especial na culinária. A sua participação deixou um riquíssimo legado para o país. As negrinhas nas cozinhas das casas-grande, deram um toque sutil e primoroso no cardápio sem “graça” dos portugueses.
Desde 1535, ano em que chegaram os primeiros negros no Brasil, até o final do século XIX, o desenvolvimento do Brasil passou única e exclusivamente pela mão de obra escrava. Mas, a corte portuguesa preocupada em embranquecer o país, tratou de oferecer aos brancos pobres da Europa, terras e outros benefícios. Surgiu então, uma pergunta que não quer calar: Por que os portugueses não fizeram a mesma coisa com os negros que trabalharam mais de três séculos por aqui?
Há quem diga, que eles esqueceram de indenizá-los. Mas por outro lado, um povaréu diz que foi simplesmente pura maldade, discriminação e racismo. E dá exemplos: transportaram em tumbeiros, torturaram, açoitaram nos troncos, colocaram nas senzalas, esquartejaram e estupraram. Finalmente, a Lei Áurea foi elaborada pelo gabinete conservador de João Alfredo e sancionada pela Princesa Isabel, em 13 de maio de 1888, na ausência do Imperador Dom Pedro II, determinava a abolição da escravidão no Brasil, atingindo imediatamente cerca de 700 000 negros escravizados.
Os afro-brasileiros libertos foram jogados na mais terrível miséria. O Brasil imperial e, logo a seguir, o jovem Brasil republicano, negou-lhes a posse de qualquer pedaço de terra para viver ou cultivar e o acesso a escolas, assistência social e hospitais; deixou-lhes apenas discriminação e repressão. Grande parte dos libertos, depois de perambular por estradas e terrenos baldios, dirigiu-se a grandes cidades – Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo – , onde se ergueram os chamados bairros africanos, origem das favelas modernas. A senzala trocada pelos casebres. Apesar da impossibilidade de plantar, acharam ali um meio social menos hostil, mesmo que ainda miserável.
Hoje a situação em quase nada se modificou. Implantaram a cultura do medo e agora estão tentando militarizar as favelas. Os primeiros capitães-do-mato atuais já chegaram em forma de UPPs. Até o Exército Brasileiro está tirando a sua casquinha. Nos parece está ocioso ou equivocado, pois tudo aquilo que ele resolveu pegar nas favelas dos morros do Alemão, passaram pelas fronteiras, onde deveria ter evitado a entrada das mesmas. Esqueceram de dizer para o seu Estado Maior que a segunda guerra mundial já acabou e que os morros do Alemão, não fica na Europa e mais, os Aliados de hoje, não vão querer se os Pracinhas atuais.
As favelas as quais, estamos chamando de Novos Quilombos Urbanos, estão aproveitando este ano para produzir um documento que será enviado para a ONU, primeiro para agradecer pela Instituição do ano Internacional dos afro-descendentes, depois para informar que as favelas do Brasil, concentram o maior número de negros deste país. Neste documento pediremos a ONU, que acione o Tribunal Internacional para que este julgue e condene todos aqueles que promoveram e ainda insistem em continuar a promover a escravidão no país, visto que se trata de crime contra a humanidade e este não prescreve. Portanto, as legítimas lideranças, aquelas que conseguiram não ser cooptadas pelos oportunistas de plantão, estão se reunindo na FAFERJ – Federação das Favelas do Estado do Rio de Janeiro, junto com o MPF – Movimento Popular de Favelas e a ANF – Agência de Notícia das Favelas, para cobrar inclusão social plena e anunciar que um novo Palmares está sendo formado. Axé!
Rumba Gabriel
Secretário Administrativo da ANF e Fundador e coordenador do Movimento Popular de favelas – MPF