Há um tempo, refleti sobre qual seria o artifício mais poderoso do mundo. Aquele que faria com que um exército se armasse e desarmasse, povos se unissem ou entrassem em conflito. Algo universal.
Naturalmente, sempre tive a certeza de ser o dinheiro a força-motriz de todas as relações desde a Idade Moderna. O sentimento de poder, valor, a acumulação de riquezas que estudamos no colégio. Era descrente da humanidade como a maioria dos brasileiros – e, principalmente, dos cariocas, afinal, os dias estão desencorajadores há tempos. Não falo nenhuma novidade.
Entretanto, começo a apostar que esse artifício é a gentileza. Ainda que não praticada em todas as vielas, becos, edifícios e construções, a gentileza tem o poder de gerar, pelo menos, alguma reação em quem a recebe, nunca reações piores.
A gentileza é rara porque é dolorosa de exercitar, é dolorosa porque somos orgulhosos demais para esquecer quando alguém erra, por exemplo. Aliás, pensamos que fazemos isso o tempo todo, nos enganamos de que somos bons em nos colocar no lugar do outro. Na verdade, julgamos e achamos ser os corretos sempre, quando, na maioria das vezes, não é verdade. Difamamos pessoas pelas costas sem pudor, colocamos a culpa no próximo que vier.
No mundo onde a reciprocidade é celebrada, a resiliência deve ser meta – não atacar quando for atacado. Quantos “bom dia” foram responsáveis por ataques? Nunca. Que a gentileza seja mais praticada, e menos se torne apenas textão em redes sociais.