baile funk
Crédito: Vincent Rosenblatt

O baile funk é um dos símbolos de resistência da favela, muito julgado por quem é de fora, mas fonte de renda e lazer para quem está dentro da favela.

Quando falamos de baile funk, falamos de geração de renda para quem toca (DJ), quem canta (MC), quem vende bebidas, comidas ou doces.

O funk marcou e marca gerações, desde o seu início. As letras cantadas pedem por paz ou cantam a realidade das favelas.

Ontem foi comemorado o Dia Internacional da Favela, e o dia foi de mídia positiva para a população favelada, mas é preciso falar da favela como potência todos os dias do ano.

Conversei com duas personalidades que são crias de favela e vivem suas vidas através do movimento artístico que é o funk.

Falando de baile funk e de favela 

MC Sargento – Crédito: Divulgação

Jorge Silva dos Santos, 45 anos, conhecido como MC Sargento, é nascido e criado na Fazenda dos Mineiros, favela de São Gonçalo, e vive no movimento funk há muitos anos. 

Começou a frequentar baile funk aos 13 anos, curtiu os primeiros bailes ao som de DJ Marlboro, um dos grandes nomes do funk carioca.

Anos depois ele e o amigo Marcelo resolveram fazer Rap, sem nenhuma noção do que era compor. Eles resolveram se aventurar e dessa união nasceram o Rap da Escravidão e o Rap Fazenda dos Mineiros.

Na década de 90, Sargento formou dupla com Roni. A dupla Roni e Sargento fez muito sucesso com o Rap Fazenda dos Mineiros e até hoje esse é um clássico do funk, tocado em todo o Brasil.

“Hoje estou aqui humildemente pra falar, é sobre o baile funk que vem pra ficar”.

Confira abaixo o Rap Fazenda dos Mineiros.

A representação da favela

“A favela é nossa pátria, quem nasce na favela, nasce em um mundo diferente do que aparece na televisão. A favela é tudo pra mim. O Brasil é um país, mas dentro de cada favela existe um país”, disse o MC Sargento.

Ao demonstrar muito orgulho por ter sido criado dentro da favela, Sargento fala, “Tudo que eu consegui e consigo, o meu ganha pão, foi tudo graças à favela”.

Jones DJ – Crédito: Divulgação

Jones de Souza, 44 anos, conhecido como Jones DJ, cria do Morro da Mineira, localizado no Catumbi, próximo ao Centro do Rio, também contou um pouco da sua história com o funk.

Com 12 anos começou a frequentar os bailes de corredor e foi assim que ele se apaixonou pelo ritmo.

Para ele, o funk e o samba são patrimônios da favela, assim como os que fazem tudo acontecer (pagodeiros, DJ’s e MC’s). “A favela teve um foco positivo na mídia no Dia da Favela, fiquei feliz. Sei que somos esquecidos, porém já fomos mais”, falou Jones DJ.

O DJ também falou que é importante mostrar as coisas ruins que acontecem nas favelas, pois ele tem a esperança que o poder público um dia veja a situação de coração e entre nas favelas com educação e respeito, com o objetivo de promover assistência social, cultura e resgate dos jovens. 

MC Sargento e Jones DJ são símbolos da luta pelo movimento funk, ambos concordam que os bailes levam lazer e cultura aos jovens e adultos do território, além de gerar oportunidades para quem trabalha com o funk.

O preconceito precisa acabar

Eu considero esse preconceito contra os bailes uma burrice. O preconceito existe porque o funk vem do pobre, do preto, do favelado. Já vi gente falando que jogaria uma bomba dentro do baile. Isso é muito triste e uma falta de respeito“, conclui MC Sargento.

O preconceito já foi maior, estamos quebrando isso devagar, mas esse preconceito precisa acabar. Se você vai em Ipanema, Leblon, em boates, o nosso funk está tocando lá. O preconceito com a gente é porque somos favelados. O que a gente toca não é apologia a nada, é a nossa realidade, é o que vivemos dentro da favela“, finaliza Jones DJ.

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