Os sinos ainda dobram por Marielle e Anderson. Após 3 meses do assassinato, o caso ainda não foi resolvido. Uma pergunta que não quer calar: Quem matou Marielle Franco? Eu posso arriscar um palpite, foram os mesmos que matam pessoas que incomodam os bandidos com seus falsos discursos de fazer o bem pra sociedade. Que acabam vendendo segurança e cobrando por isso. Que sugam os menos favorecidos sem dó nem piedade.
Marielle Franco foi cria da Maré, como ela mesma gostava de dizer. Ela foi a quinta vereadora mais votada no Rio, com 46.000 mil votos. Em seu mandato na Câmara, ela defendeu minorias. E , em pouco mais de 1 ano, apresentou 20 projetos, dos quais 2 aprovados. A Marielle não veio ao mundo a passeio e nem tampouco pra ser mais uma voz calada dentro da Câmara de vereadores do Estado do Rio de Janeiro. Em seu ultimo discurso no plenário, quando a quiseram calar, soltou essa frase : ” Vai ter que aturar mulher negra, Trans, lésbica, ocupando a diversidade dos espaços.”
Poucos gostam de negro, Favelado e pensador. Menos ainda se juntar isso tudo numa só pessoa. Aí vai incomodar muito mais. Marielle incomodou e muito. Mas não recuou. Quem andou em quebradas, becos e vielas não tem medo de cara feia. Por isso Marille e Anderson ainda vivem, entre o que se contado, se lembra e o que não se esquece. E nunca será esquecido. Como disse Marcelo Freixo, deputado estadual e amigo da Marielle, recentemente para um veículo de comunicação:
“Sempre andamos juntos, lado a lado. Não tem barbárie que nos separe. Vi de perto as mudanças na sua vida, no seu pensamento, no seu cabelo, nos seus sonhos. Amor e orgulho não se separavam diante dessa menina”.
Quem matou Marielle e Anderson não foi bandido de quinta categoria . Aquilo foi coisa de bandido profissional. Se é que se pode calcular isto em escalas. Crime calculado na hora certa e no local exato. Mas bandido é bandido, seja de chinelo de dedo ou de gravata. O criminoso também tem a sua lógica interna : farinha pouca o meu pirão primeiro. E ninguém pode atrapalhar os seus negócios, mesmo que este negócio seja ilícito e dentro do espaço público.
O problema maior foi que não contavam que o tiro resvalou na sociedade civil, que exige uma resposta. O grito de dor ecoou pelos quatro cantos do mundo. Marielle está tão viva quanto nunca . Ela deixou um legado pra todos aqueles que estão na luta contra o preconceito, seja contra as mulheres, os moradores de Favelas, a comunidade LGBTS… Ela personificou, ainda em vida, a representação de várias comunidades.
Ninguém consegue parar uma força que emana de dentro, uma indignação que é força motriz e que vira não somente discurso social, mas comportamento sócio político.
Acordei triste naquele dia fatídico, mas fiz disso um Canto Geral. Transformei minha dor numa poesia. Meu pranto em dança… Que samba na cara dos homens maus. Afinal de contas , como afirmou o ativista político, Martin Luther King Jr : “O que me preocupa não é o grito dos maus, mas o silêncio dos bons”.
Os sinos ainda dobram e continuarão a dobrar por Marielle e Anderson. “A morte de qualquer homem me diminui, porque faço parte integrante da humanidade.” ; como afirmou John Donne.
Outras Marilles nascerão em cada denúncia contra ações truculentas e que tentam vilipendiar um povo que já nasceu sufocado. ” A carne mais barata do mercado é a carne negra”. Mas não se pode subestimar uma pessoa com coragem e ação. Ternura e pujança eram sua química perfeita.
Quem matou Marielle e Anderson não sabe que uma Fênix renasce das cinzas. Eles estão no consciente coletivo de uma nação.
Os sinos ainda dobram e continuarão a dobrar, isto até que os culpados sejam achados. Aposto todas as minhas fichas, os assassinos serão achados. Não existe crime perfeito. Perfeição é não cometer crime algum. Sou otimista, quero acreditar no trabalho da polícia.
Uma pena que até hoje ainda choram Marias e Clarices no solo deste Brasil. Uma pena que ainda temos que perguntar por quem os sinos dobram.
E a resposta é: os sinos ainda dobram por Marielle Franco e Anderson, até a resposta deste crime.
Marielle e Anderson, presentes!