Nem só protestos fizeram a festa deste carnaval brasileiro: a escola campeã de São Paulo, a Águia de Ouro, da Pompeia, venceu pela primeira vez em 44 anos de carnaval. O enredo, desafiador, era a educação propulsora do progresso e da civilização. Incluía Paulo Freire como grande destaque tanto pela importância do educador no mundo inteiro quanto pela ojeriza que desperta em 11 de cada 10 bolsonaristas que, aliás, nem sabem quem ele foi e pensam que era petista do governo Lula. Santa ignorância…
Mas há muito não se via um carnaval com tantas manifestações contrárias a um presidente da república, em desfiles oficiais e em blocos de rua. Jair Bolsonaro figurou em faixas, cartazes e sobretudo em destaques de escolas de samba dos mais variados calibres, quase sempre patrocinadas por bicheiros que, por sinal, rivalizaram com pastores pentecostais na eleição presidencial passada.
Vimos Bolsonaro de Bozo e arminha num carro da Vigário Geral, primeira a desfilar na Sapucaí este ano. Deu o tom às seguintes em críticas abertas e francas que nem a Globo, transmissora oficial e exclusiva do desfile, conseguiu disfarçar. Vimos Bolsonaro na privada no desfile da União da Ilha e mesmo quando não foi mostrado ele esteve implícito nas críticas ao governo e nas queixas contra os cortes nas políticas sociais, o aumento do desemprego, da violência etc e tal. Enfim, um carnaval para ser lembrado.