Salve Jorge, mas Jorge Benjor, por ter composto a música “O circo Chegou”. Lembro-me quando publiquei um artigo com o mesmo título algum tempo atrás.
Agora as Forças Armadas estenderam suas lonas nas favelas da Maré. Este espetáculo já assistimos em 92, na Eco-92 e recentemente nas favelas do Alemão. Por mais que o espetáculo seja interessante, ainda assim não conseguimos achar graça e nem aplaudir.
Nos soa estranho o principal diretor do evento (General de Exército), falar com aquele ímpeto ” já foi preso o Menor P chefe do tráfico no local”. Estranho porque fica parecendo que este comerciante de drogas na favela tem o mesmo status de um Pablo Escobar (já morto).
Nas favelas infelizmente existem centenas de jovens aguardando sua vez de substituir aqueles que morrem, ou são presos. É um eterno enxugar de gelo, assim como também as apreensões de centenas de armas e toneladas de drogas. Neste espetáculo a mídia sensacionalista e sanguinária exibe as imagens dessas apreensões sempre ostentando os símbolos das instituições responsáveis pelas tais. A sociedade que cobra o fim da violência, neste momento fica com uma sensação de segurança, além de achar que agora vai!
A todo momento o governo anuncia a formação de mais centenas de policiais. Sempre preocupado com números, os quais na realidade só servirão para as estatísticas. Crescem conjuntamente as apreensões, as formaturas e as vítimas fatais. Choram juntos também familiares de policiais e de favelados. Mas as pirotecnias continuam, afinal o circo continua armado.
Com a chegada das Forças Armadas o espetáculo ganha grandeza. Os helicópteros agora da Marinha, Exército, Aeronáutica, Polícia Civil, Polícia Militar dão rasantes sobre as casas das favelas proporcionando cenas que no mínimo podemos chamar de inusitadas, além de assustadoras.
Quando o povo vê o General comandante desta operação com aquele já citado ímpeto e dentes trincados, fica imaginando que agora ele irá fazer o que já deveria ter feito há muitos anos – invadir a Bolívia, Paraguai e Colômbia. Bombardear os laboratórios de destilações da coca e incendiar todas as plantações de maconha desses corruptos países.
Mais uma vez percebe-se que este mesmo povo não se engana com seus ditos populares como estes por exemplo: – em terra de cego quem tem olho é rei”, cão que ladra muito, não morde e etc. Isto porque, ostentar tanques de guerra e outros equipamentos de batalha dentro das favelas é fácil. Difícil é apontar todo esse material bélico para os países que vivem as custas de derramamento de sangue dos favelados em conluio com muitos agentes públicos devidamente credenciados pelo Estado o qual deveria servir e proteger.
Quando enrolarem mais uma vez a lona do circo, a fim de erguê-la em outra favela, façam uma grande reunião primeiro com a seguinte pauta: O QUE SERÁ MAIS FÁCIL: EVITAR, IMPEDIR, NÃO DEIXAR, NÃO PERMITIR QUE ARMAS E DROGAS ENTREM NAS FAVELAS, OU COMBATÊ-LAS APÓS ESTAREM LÁ DENTRO? Tem mais, todos esses citados órgãos a cima têm os seus serviços de inteligência, então por que ainda não descobriram como tudo isso entra na favela?
Rumba Gabriel