Aos poucos a verdade vai aparecendo na Rocinha. Para as pessoas de bem e lúcidas, jamais houve dúvidas quanto ao acontecido naquela favela. Qualquer favelado conhece como ninguém as várias faces da Polícia Militar. A favela do Jacarezinho foi o principal “palco” de extermínios de moradores em favelas do Rio de Janeiro, além de lugar tenente das corrupções policiais. Eu mesmo fui vítima desses algozes quando denunciei dezenas de policiais corruptos e assassinos. Levei a Corregedoria até ao antigo posto policial e lá ao abrir os armários, encontraram: armas e drogas estocadas. Naquela oportunidade saíram presos e algemados 13 policiais. Chamávamos aquele posto policial de Pelourinho, pois ali haviam choros e ranger de dentes, torturas e espancamentos. Alguns presos chegavam ali amarrados com cordas. Idênticas cenas produzidas na época da escravidão. Também já cheguei ali amarrado à cordas. Difícil encontrar alguém do meu tempo de adolescente e jovem que não fosse levado para aquele maldito local. Bastava simplesmente, não portar uma carteira assinada. Como recompensa pelas minhas denúncias, recebi da “justiça” do Estado do Rio de Janeiro, 8 anos de prisão. E mais, ainda de quebra, a alcunha de associado ao tráfico de drogas.
Este é o sistema que nos cerca. Assim como é esta a polícia que diz nos proteger. O lema é convidativo – SERVIR E PROTEGER. Estes mesmos servidores e protetores são os que mataram a juíza, o Amarildo, o Alielson, etc… Produziram inúmeras cenas para tentar ocultar a verdade. Mas a força e resistência das favelas – novos quilombos urbanos, ganhou vários parceiros que aliados conseguiram reverter a situação.
Surge então a figura do Cabo Anselmo da atualidade – o delator. Um policial preocupado, pois seria jogado na vala comum onde já se encontram seus podres companheiros, resolveu contar a verdade sobre o caso Amarildo. Começou a aumentar o odor desta sujeira varrida para debaixo da mesa da tortura.
Este caixote podre enfim apareceu e com certeza será extremamente difícil separar o bom que sobrou. São tantas as faces obscuras desta polícia que até bater em professores foram capazes.
A recompensa deste policial, será a delação premiada, mas ainda assim, suja com o sangue de mais um favelado – o Amarildo.
Ninguém precisa ficar admirado com a podridão deste sistema navegante. Tem um timoneiro mor – o putrefato estadual, Dom Sérgio Cabral.