No dia de ontem (08), todo mundo pôde acompanhar na grande mídia e nas redes sociais a manifestação dos profissionais de segurança do Rio contra o pacote de medidas do Governo do Estado para conter a crise econômica, que afeta especialmente os mais pobres e os servidores do Estado. O ponto alto do evento foi a ocupação da Alerj. Houve depredação. Gritos de “Uh, é Bolsonaro” também foram ouvidos, além das já vistas bandeiras pedindo intervenção militar ainda do lado de fora da Assembleia Legislativa do Rio.
Manifestações políticas e protestos são sempre legítimos, especialmente quando se trata de busca por direitos e de trabalhadores. É curioso, porém, pensar nos envolvidos e nas reações ao ocorrido. Policiais, enquanto militares, são impedidos pelo regimento de se manifestar politicamente – mas, surpreendentemente, ganharam apoio até mesmo do novo comandante da PM, o coronel Wolney Dias. A mídia e o resto da sociedade, que costumam tratar manifestantes sob os “elogios” de vagabundos e vândalos, também mostraram-se a favor dos atos, ainda que o vice-presidente da Casa, o deputado estadual (e grande defensor da tese de “Bandido bom é bom bandido morto”, aliás) Wagner Montes (PRB) tenha sido ameaçado fisicamente e tido seu gabinete depredado – quem pode imaginar as consequências disso se fosse este um protesto organizado pela FIP, por exemplo? Mesmo a esquerda, sempre rechaçada por esta classe, mostrou-se polianamente esperançosa de que novos tempos virão, relembrando até os 99 anos da Revolução Bolchevique (!).
Parafraseando Gal Costa, é preciso estar atento e forte. É importante ressaltar mais uma vez que toda e qualquer luta por direitos é válida, principalmente quando estamos falando de luta trabalhista. Mas essa é mesmo uma luta por direitos ou só um jogo de forças com o poder? Por que a oposição ao Estado é válida apenas quando pende para uma única classe de trabalhadores? De que maneira uma direita extremista, obstinada e que só cresce vai usar isto em benefício político próprio, sobrepujando quaisquer ideais de justiça real? Quem, de fato, lucra com isso? O que é trocar seis por meia dúzia? Como nascem os Daciolos?
Em tempos de retrocessos, qualquer escombro parece tábua de salvação. De que lado você quer estar?