O Festival Lula Livre reuniu dezenas de artistas nos arcos da Lapa

Créditos - Charlotte Dafol

Eu nem sou muito de fotografar esses grandes eventos que já estão na mira da imprensa e de profissionais credenciados. Sequer tenho equipamento para rivalizar. Por mim, naquele dia, eu ia até sem máquina, só para assistir. Mas acabei topando de fazer a cobertura para a ANF.
Acontece que por (muita!) sorte, chegando no exato início do show, eu consegui sem dificuldade atravessar a platéia toda até a primeira fileira. Quando me dei por conta que eu estava num ponto ideal para assistir e tirar fotos, comecei a sentir o povo de juntando logo atrás de mim entendi que eu não sairia tão cedo daquele lugar. Me pus a fotografar uma por uma todos os participantes da imensa programação, anotando rigorosamente os nomes e referências no meu caderninho… sem saber ainda que eu ficaria “presa” nessa tarefa até depois da meia-noite.
Foram algo como 50 cantores e bandas que se apresentaram ao longo dessas sete horas de festival. Artistas vindos de diversos países, regiões do Brasil e bairros do Rio, e oferecendo uma bela diversidade de estilos musicais. Fiquei feliz de perceber que o mesmo tempo e as mesmas condições eram dados aos grupos de rap da favela e aos cantores internacionais ou reconhecidos mundialmente.
Outra coisa que me chamou a atenção foi a fluidez e a impecabilidade técnica das passagens entre um e outro. Cada banda tinha alguns segundos para subir no palco, ligar seus instrumentos (com ajuda de alguns assistentes), tocar uma (!) até três músicas, e sair ligeiro sem esquecer de lançar um último “Lula Livre!” Impressionante também a presença e o profissionalismo de cada um desses artistas, nem um pouco perturbados pelo ritmo frenético dessas idas e vindas e nem por terem menos de dez minutos para se apresentar. Todos vieram preparadíssimos e deram o máximo de si mesmo no palco.

80 000 pessoas no público, segundo os organizadores. Fica impossível, de onde eu estava, validar ou invalidar essa informação – além de que esses números realmente não me dizem nada – mas posso afirmar que a praça estava, sim, muito lotada. E se uma parte dessa multidão pode ter sido atraída pela programação mais do que pela própria causa, ninguém escapou do conteúdo político do evento. Bandeiras e camisetas vermelhas, vídeos no telão, músicas engajadas e ainda pontuadas de palavras de ordem – quando não homenageavam diretamente o ex-presidente nas suas letras. A cada bloco de 20 ou 30 minutos, vinha uma fala política, uma leitura de carta de apoio, algum discurso denunciando não só a prisão do Lula mas também o golpe de estado, o desmonte social do pais e a ampla responsabilidade da Globo nesses processos. A Marielle também foi muitas vezes lembrada e citada.

Tanto a qualidade da programação quanto o comprometimento visível de todos os que participaram, podem explicar o imenso sucesso daquela noite. No mais… resta levantar a questão mais delicada de quem financiou (e como) dessa MEGA produção – que, mais uma vez, não teve praticamente nenhuma falha. E sobretudo analisar agora impacto concreto desse tipo de evento na vida política e jurídica do país… já que se tratava – pois é… – de soltarem o Lula antes das próximas eleições.

Veja as fotos do evento: https://www.facebook.com/media/set/?set=a.1650010051787821.1073741842.230706580384849