O mito do empreendedorismo e a precarização do trabalho

Carteira de trabalho. Crédito: Divulgação

No dia 1º de julho testemunhamos a mobilização social e paralisação promovida por trabalhadores que prestam serviço de entrega através de aplicativos. Uma manifestação de advertência, para chamar atenção e reivindicar melhores condições de trabalho e segurança.

Desde a globalização, o mundo do trabalho vem se movimentando na busca cada vez mais potente pelas flexibilizações no âmbito organizacional, sempre com o intuito de diminuir custos operacionais e subtrair direitos trabalhistas. Por isso estamos vivenciando cada dia mais, e de maneira mais profunda as consequências da precarização do trabalho.

Salientando que ainda estamos vivendo uma pandemia global, e a categoria vem sofrendo diretamente as pressões advindas dessa crise sanitária e financeira que atinge toda sociedade.

A categoria de entregadores de App é caracterizada como trabalhadores informais, pois não mantém vínculo empregatício, nem com os estabelecimentos de quem entregam produtos diversos, tão pouco com as plataformas digitais.

Como ficam as garantias de direitos desses profissionais?

Na ocasião de um acidente de trânsito por exemplo: Em via de regra o trabalhador não tem direito a gozar do auxílio doença, ou acidente de trabalho, já que ele não possui vínculo empregatício, ficando descoberto, e por conta própria para arcar com prejuízo à sua saúde, e possíveis danos materiais.

Inicialmente quando as primeiras empresas desse ramo chegaram no mercado, a intenção era tornar essa nova alternativa de trabalho um ganho extra. No entanto com a alta taxa de desemprego essa atividade se tornou a principal fonte de renda para muitos trabalhadores.

O mito do empreendedorismo que tentaram pregar foi rapidamente desmascarado, quando trabalhadores atentaram para a importância do trabalho prestado por eles, e o “desleixo” com que são tratados, haja vista a necessidade de trabalhar entre 9 e 14h por dia, fora os ganhos mínimos diante dos perigos eminente e não assegurados.

Uma importante discussão dentro desse cenário são as nítidas diferenças entre empreender, abrir um negócio, trabalhar pra si mesmo, e ser alguém que não teve outra alternativa para prover o sustento da família.

A romanização da precarização do trabalho, e do empreendedorismo por necessidade, cria uma sociedade omissa as estruturas que fragilizam as relações de trabalho e eliminam diretos conquistados com muita luta.