O mundo é um palco, ok. Mas o proscênio é grande demais, o elenco é destrutivo, corrosivo e detona os recursos da produção sem dó.
Também… Trabalham sem cachê, não recebem texto, se viram num improviso incessante, desde a abertura triunfal das cortinas genitais à retirada para as coxias de concreto ladeada de tantas outras, repletas de ex-atores, todos calados. Hesitantes no palco, imobilizados no fosso.
Nascemos cercados de desconhecidos nus e partimos farofando nossos ossos com os de velhos parentes próximos. Nosso destino é o asilo vegetal. Desintegraremos e seremos mordiscados por vermes, mas agimos como se fôssemos picas das galáxias! Estamos sempre julgando alguém, detonando outrem, propondo nada além do que sessões de catarse resmungativa…
Estamos lascados, amigos… Que venham os novos tempos e gerações mais sagazes, porque a nossa… Só repetiu a velha stand-up comedy humana… Improviso e castigo… Improviso e perigo… Riso e olhinhos aguados… Somos emotivos e tarados, brochas e descompensados, damos piruetas, mas perdemos rebolados…
O problema é que a humanidade, em vez de arregaçar as mangas, se esconde na gola rolê.
O mundo é um palco… E o único holofote está queimando… E o dramaturgo, se existe, está cagando… O mundo é um palco, e, portanto, a cada entrada de mais um micro-ator berrando, digamos: ‘merda, bebê!’.
A sociologia e suas categorias, a antropologia e suas investigações, a história e sua seleção de fatos… As disciplinas e suas iguarias… Mas a compreensão tem fome mamífera, e crava os dentes no flanco do que testemunha, observa, sente, vê.
Pedale alguma transformação. As buzinas da indignação não fazem o trânsito social melhorar.
Pega um trecho do Livro Errado do Mundo e altera!